IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Venezuela permitirá operações cambiais abertas em novo mercado paralelo, dizem corretoras

Anatoly Kurmanaev

30/01/2015 11h28

(Bloomberg) - Empresas e indivíduos venezuelanos vão comprar moedas estrangeiras legalmente a um preço definido pelas forças do mercado no novo mecanismo cambial paralelo, disse um porta-voz das corretoras encarregadas de processar as transações.

"Será um mercado aberto e transparente, com base na oferta e na demanda, sem restrições de preço ou volume", disse Ricardo Montilla, presidente de Associação Nacional de Operadores de Valores, em entrevista por telefone na quinta-feira, depois de se reunir com o ministro das Finanças, o presidente do Banco Central e o ente regulador de valores para discutir o mecanismo. "O governo está trabalhando com toda a força para abrir este mercado o mais rápido possível".

O presidente Nicolás Maduro disse em 21 de janeiro que a Venezuela criaria seu quinto mercado cambial paralelo em 12 anos para injetar dólares em uma economia em contração, afetada pelo declínio da receita com petróleo, pela maior inflação do mundo e pela escassez sem precedentes de alimentos e remédios. O endurecimento dos controles cambiais desvalorizou 90 por cento o bolívar no mercado negro durante os dois anos de Maduro na presidência.

O presidente disse que a Venezuela vai continuar importando produtos básicos a 6,3 bolívares por dólar e que pagará outros bens e serviços considerados importantes a uma taxa secundária menor. Todos os outros comprarão moeda estrangeira por meio de corretoras no novo mercado paralelo, disse ele.

O mercado vai comercializar bonds e dinheiro e realizar swaps de bolívares por produtos financeiros denominados em moeda convertível, disse Montilla. A princípio, 36 corretoras receberam autorização para operar no mercado, disse ele.

Em 2010, o ex-presidente Hugo Chávez fechou o chamado "mercado de permuta" de swaps de moedas em meio à aceleração da inflação e à desvalorização do bolívar.

Repressão

A repressão provocou a falência de mais de 50 corretoras, e quatro sócios da Econoinvest Casa de Bolsa CA, a maior corretora do país, foram presos. Chávez disse que os financistas, acusados de operações cambiais ilegais, eram um "ninho de mafiosos". Nenhum dos sócios encarcerados foi condenado.

Em fevereiro do ano passado, o ex-vice-presidente do conselho de ministros para a área econômica Rafael Ramírez disse que o país estava planejando um novo mercado de swaps de moedas. Ele foi demovido do cargo em 2 de setembro e enviado para representar o país nas Nações Unidas.

O novo mercado "será melhor do que o mercado de permuta", disse Montilla. Será mais transparente e contará com mais defesas contra a corrupção, acrescentou.

No intuito de reprimir as operações ilegais, o Banco Central tinha criado o mecanismo cambial paralelo anterior, conhecido como Sicad II, em março de 2014. O banco permitiu que o bolívar se enfraquecesse 89 por cento em relação à taxa oficial, para 55 bolívares por dólar, no Sicad II.

A oferta insuficiente de dólares e os controles de preços eliminaram os ganhos iniciais desse mecanismo frente ao mercado negro, e, desde então, o bolívar se desvalorizou 68 por cento nas operações não oficiais. A moeda era vendida a cerca de 184 por dólar ontem, segundo dados do dolartoday.com, um site que acompanha a taxa na fronteira colombiana.

Título em inglês: 'Venezuela to Allow Open FX Trade on New Market, Brokerages Say'

Para entrar em contato com o repórter: Anatoly Kurmanaev, em Caracas, akurmanaev1@bloomberg.net