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América Móvil se protege contra valorização do dólar aumentando dívida em pesos mexicanos

Isabella Cota

06/03/2015 15h21

(Bloomberg) - Como o dólar está se valorizando no mundo inteiro, o bilionário mexicano Carlos Slim está evitando se arriscar.

A América Móvil SAB, o colosso da telefonia celular controlado por Slim, vendeu mais 3,5 bilhões de pesos mexicanos (US$ 230 milhões) dos seus bonds com vencimento em 2024 a investidores externos anteontem com um yield de 7,195 por cento. A cifra é 1,8 ponto porcentual mais alta do que se a empresa com sede na Cidade do México tivesse emitido notas denominadas em dólares.

A venda mostra como a América Móvil está disposta a pagar para tomar empréstimos na moeda local que representa a maior parte da sua receita a fim de se proteger do risco de maiores custos de reembolso de dívidas causados pela valorização do dólar. A verdinha tem se fortalecido frente a todas as outras principais moedas nos últimos seis meses, com um ganho de 16,5 por cento frente ao peso.

"As receitas da empresa estão denominadas em pesos mexicanos e outras moedas latino-americanas e é por isso que eles emitiriam em pesos", disse Joe Kogan, diretor de estratégia de mercados emergentes no Scotiabank, em entrevista por telefone de Nova York. "Quanto à emissão em dólares, com frequência é preciso pagar um diferencial mais alto porque a liquidez dos bonds será menor, e os investidores exigirão uma compensação por isso".

A maior fornecedora de serviços de telefonia celular da América Latina tinha 45 por cento da sua dívida denominada em dólares, comparado com apenas 15 por cento em pesos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A América Móvil está procurando aumentar sua dívida denominada em pesos para 30 por cento, disse Araceli Espinosa, diretora de pesquisa sobre renda fixa da Actinver. Ela se reuniu com a empresa no mês passado.

Lucros menores

Representantes da América Móvil não deram retorno imediato a mensagens com pedidos de comentários sobre a venda de bonds e os planos para incrementar a dívida em pesos.

Regulamentações mais estritas estão diminuindo os lucros, portanto a América Móvil está juntando dinheiro em meio a uma avaliação sobre como separar suas operações de telefonia fixa e celular no México.

A empresa tem 70 por cento das contas de telefonia celular do México e 80 por cento das suas linhas fixas. Em fevereiro, o CEO Daniel Haij disse que outro plano para separar até 11.000 torres de telefonia celular está "muito avançado" e que poderia estar pronto em maio ou junho.

Com um rating A2, o mais alto para um mutuário mexicano, a América Móvil recorreu ao mercado de bonds em dólares por última vez em julho de 2012, quando emitiu US$ 1,6 milhão em notas com vencimento em 2016 e um yield de 3,185 por cento. A empresa vendeu 7,5 bilhões de pesos das notas a 2024 no ano passado.

A decisão de vender bonds em moeda local também implica que a empresa não tenha que incorrer no custo de se proteger contra um dólar valorizado, segundo Espinosa da Actinver.

"Se eles emitirem em pesos, eles economizarão com as coberturas", disse ela em entrevista por telefone da Cidade do México. "Se você for um investidor americano, ninguém mais vai lhe dar esse tipo de prêmio de uma empresa como a América Móvil".

Título em inglês: 'Slim's America Movil Guards Against Strong Dollar: Mexico Credit'

Para entrar em contato com a repórter: Isabella Cota, na Cidade do México, icota@bloomberg.net