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Ramificação da Rolex, Tudor chega à maioridade e ameaça rivais com preços mais acessíveis

Corinne Gretler

26/03/2015 17h15

(Bloomberg) -- A irmã mais nova da Rolex está chegando à maioridade.

A Tudor, marca esportiva que o fundador da Rolex, Hans Wilsdorf, registrou em 1926, planeja entrar no Japão após retornar ao Reino Unido e aos EUA nos últimos dois anos, disse Philippe Peverelli, que administra a marca desde 2010, em entrevista.

O nome pode representar uma ameaça às fabricantes Longines, TAG Heuer e Baume Mercier ao deixar para trás décadas de dormência e os benefícios do apoio da fundação dona da Rolex, marca de relógio mais vendida da Suíça. Com preços de US$ 2.000 a US$ 5.000, a Tudor é uma porta de entrada para uma geração de consumidores que talvez não possa comprar um Rolex, vendido a partir de 4.600 francos (US$ 4.800), aproximadamente.

"Nunca fomos tão jovens", disse Peverelli, na feira de relógios e joias Baselworld, que termina nesta quinta-feira. "Hoje, tentamos produzir nossos próprios relógios com nossos próprios designs. Precisamos ter nossa própria personalidade. Antes éramos uma submarca. Estamos começando a ter uma vida real".

A marca lançou seus primeiros relógios com mecanismos que eram produzidos internamente. Este é um primeiro passo para reduzir a dependência em relação a componentes comprados da ETA, uma unidade da Swatch Group AG, que fabrica componentes para a maioria dos relógios suíços.

Wilsdorf, o fundador da Rolex, começou a colocar o nome Tudor nos mostradores dos relógios nos anos 1930, buscando criar uma alternativa não tão cara, mas confiável, à sua marca principal. A produção foi expandida após a Segunda Guerra Mundial, quando a Tudor foi fundada como uma empresa separada.

'Rolex de pobre'

Contudo, a Tudor saiu dos EUA e do Reino Unido depois de testar esses mercados. A fabricante de relógios, então, focou na China nos anos 1960.

A precificação dessa ramificação em comparação com a sua irmã mais velha levou alguns colecionadores de relógios a chamá-la de "Rolex de pobre". Um anúncio de 1952 apresentava um trabalhador operando uma broca pneumática usando o relógio e um slogan disse certa vez que o relógio seria o ideal para você se as suas "aspirações são maiores que sua conta bancária".

A marca provavelmente registrou vendas de cerca de 250 milhões de francos em 2013, disse René Weber, analista do Bank Vontobel AG em Zurique. O montante representaria cerca de 5 por cento da receita total de 4,6 bilhões de francos da Rolex, que tem sede em Genebra, segundo sua estimativa. A empresa de capital fechado não publica informações financeiras.

A expansão da Tudor se soma a três grandes desafios que as fabricantes de relógio suíças estão enfrentando neste ano. A valorização do franco tornou as exportações mais difíceis, a Apple Inc. deverá lançar seu relógio inteligente no mês que vem e uma queda na demanda chinesa está se prolongando devido à campanha contra extravagâncias entre os funcionários do governo.

'Oferta atrativa'

"O posicionamento é mais de médio alcance, que é exatamente a exposição que se quer ter no momento, considerando o desempenho da China", disse Bassel Choughari, analista do banco Berenberg em Londres. "Trata-se de uma oferta atrativa nesse segmento, que várias marcas deixaram quando elevaram seus preços. Certamente há espaço para crescer".

Embora a China ainda responda por uma grande parte dos negócios, a reinserção nos EUA e no Reino Unido está dando à Tudor uma cesta mais balanceada.

Peverelli disse que a entrada no Japão não se dará neste ano. A longo prazo, a Tudor visa a seguir crescendo na comparação com a Rolex.

"Em 2025, eu desejo que a Tudor esteja no lugar ocupado hoje pela Mini Cooper em relação à BMW, que para nós seria a Rolex", disse o executivo. "O Mini é atraente, tem um grande desempenho, é um carro alemão sólido com apelo a todas as idades. Eu quero poder dirigir sozinho sobre as minhas próprias quatro rodas".

Título em inglês: Rolex Offshoot Tudor Comes of Age in Threat to Midpriced Rivals

Para entrar em contato com o repórter: Corinne Gretler, em Zurique, cgretler1@bloomberg.net.