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Divergência entre resultados econômicos de zona do euro reforça pedido de aceleração de reformas feito pelo BCE

Stefan Riecher e Paul Gordon

31/03/2015 16h25

(Bloomberg) - Quando Mario Draghi relembra aos políticos a importância das reformas econômicas, o presidente do Banco Central Europeu conta com novas evidências para reforçar seu argumento.

Dados publicados na terça-feira mostraram que o desemprego na Alemanha, colhendo os benefícios de uma reforma anterior das normas de trabalho, caiu para uma taxa mínima recorde. Na Itália, que vem atrasada com as reformas, a taxa de desemprego subiu inesperadamente e a inflação no país virou negativa. Outro relatório mostrou que uma depressão nos preços ao consumidor na zona do euro diminuiu em março.

Draghi criticou repetidamente os governos por abandonarem os ajustes estruturais que ele considera necessários para uma recuperação prolongada. Na semana passada, ele disse aos legisladores europeus que devem ser tomadas medidas "com rapidez e determinação" se a intenção é que o estímulo monetário do BCE seja totalmente efetivo.

"A zona do euro ainda tem muito que fazer para reduzir materialmente o afrouxamento na economia", disse Christian Schulz, economista sênior do Berenberg Bank em Londres. "O petróleo barato, um euro desvalorizado e a flexibilização audaciosa do BCE impulsionarão o crescimento neste ano e acelerarão os processos de normalização, mas só os países com mercados de trabalho reformados desfrutarão dos benefícios de forma completa e sustentável".

Reunião corporativa

Draghi terá a oportunidade de transmitir sua mensagem aos líderes empresariais da zona do euro nesta semana. Os responsáveis pela política econômica do BCE se reunirão com os líderes corporativos em Frankfurt na quarta-feira pela manhã, segundo fontes do setor que pediram o anonimato porque a reunião é privada. Um porta-voz do BCE não quis comentar.

No mesmo dia, o Conselho do BCE organizará uma sessão programada na qual discutirá o progresso das propostas de reforma de Grécia e a liquidez de emergência para os bancos gregos. Não está previsto um anúncio de uma decisão sobre as taxas de juros.

O desemprego na zona do euro foi de 11,3 por cento em fevereiro, disse a secretaria de estatísticas da União Europeia. A taxa de desemprego revisada para janeiro subiu de 11,2 por cento para 11,4 por cento.

A taxa da Itália aumentou de 12,6 por cento para 12,7 por cento em fevereiro. Em contraste, a da Alemanha foi de 4,8 por cento. A Agência Federal de Trabalho do país, que emprega um método de cálculo diferente daquele da UE, informou nesta terça-feira uma taxa mínima recorde de 6,4 por cento para março.

O BCE, com sede em Frankfurt, prometeu fazer sua parte para reviver a economia da zona do euro impulsionando a inflação de volta para sua meta de pouco menos de 2 por cento. Para fazer isto, a instituição comprará 1,1 trilhão de euros (US$ 1,2 trilhão) em ativos, entre estes bonds de governos, até setembro de 2016.

Relaxamento das pressões

As cifras da terça-feira sinalizaram que as pressões deflacionárias estão diminuindo. Os preços ao consumidor caíram 0,1 por cento anual em março, comparado com -0,3 por cento em fevereiro, embora seja a quarta leitura consecutiva abaixo do zero. A taxa de inflação da Itália caiu de 0,1 por cento para -0,1 por cento.

Na Espanha, que realizou as reformas e onde a taxa de inflação é negativa há nove meses, a depressão dos preços ao consumidor se moderou em março. A taxa foi de -0,7 por cento, comparado com um valor mínimo recorde de -1,5 por cento em janeiro, mostraram dados na segunda-feira. Na Alemanha, a taxa se tornou positiva pela primeira vez em três meses.

"Mesmo se a zona do euro estiver prestes a sair da deflação, isto poderia demonstrar ser um trabalho árduo", disse Howard Archer, economista-chefe da IHS Global Insight para a Europa em Londres. "Parece que as pressões inflacionárias subjacentes em toda a região serão limitadas por um período considerável no futuro devido aos efeitos restritivos da prolongada fraqueza da atividade econômica, de grandes brechas na produção de muitos países e de uma taxa de desemprego que ainda é relativamente alta".

Título em inglês: 'Euro-Area Economy Diverging Boosts Draghi Call for Faster Reform'

Para entrar em contato com os repórteres:

Stefan Riecher, em Frankfurt, sriecher@bloomberg.net; Paul Gordon, em Frankfurt, pgordon6@bloomberg.net