Fed não consegue seduzir investidores com anúncios sobre taxas e ETP garantidos por ouro perdem US$ 1,5 bilhão

(Bloomberg) - O sinal de Janet Yellen de que ela não tem pressa para subir as taxas de juros nos EUA não conseguiu persuadir os investidores a voltarem para o ouro.

Em vez disso, eles retiraram US$ 1,5 bilhão dos produtos negociados em bolsa (ETP) dos EUA com garantias de metais preciosos no mês passado, a maior quantidade desde dezembro de 2013, mostram dados compilados pela Bloomberg. Embora Yellen tenha desencadeado um rali do ouro em meados de março, os ganhos se extinguiram e os preços fecharam o trimestre com o terceiro declínio consecutivo. O paládio beira um mercado baixista e a platina registrou seu segundo recuo mensal.

O problema dos metais preciosos é que a economia dos EUA está avançando a uma velocidade suficiente para que Yellen, a presidente do Fed, diga que ainda espera taxas mais elevadas neste ano, mesmo que elas aumentem a um ritmo inferior ao previsto por alguns economistas. Essa perspectiva está levando os investidores a preferirem ativos com melhores possibilidades de yields, como ações que operam perto de valores máximos recordes, especialmente porque a inflação dos EUA continua baixa.

"Há sinais suficientes de que os EUA estão crescendo e também de que o mercado acionário continuará atraindo dinheiro", disse Kevin Mahn, presidente da Hennion Walsh Asset Management em Parsippany, Nova Jersey, que supervisiona US$ 150 milhões. "O aumento das taxas vai chegar, com certeza, por isso, a menos que algo mude drasticamente, as pessoas não veem necessidade de investir em ouro".

Fracasso do rali

O metal registrou um rali de sete sessões a partir de 18 de março, quando Yellen e seus colegas do Banco Central previram taxas mais baixas para o fim do ano do que as que eles tinham estimado em dezembro. Em 27 de março, a presidente do Fed reiterou que espera que as taxas sejam aumentadas neste ano, acrescentando que posteriores altas serão graduais sem seguir uma trajetória previsível. Os custos de fazer empréstimos estão quase zerados desde 2008.

"O mercado parece estar superestimando muito a velocidade com que o Fed sairá", disse Ralph Aldis, gerente de recursos em San Antonio da U.S. Global Investors, que supervisiona US$ 927 milhões. "Com níveis baixos de taxas de juros, o ouro continuará sendo sustentado e os compradores de longo prazo aumentarão suas posições".

Mesmo assim, os hedge funds estão perdendo o interesse. Os gerentes de recursos reduziram a posição líquida longa no ouro para seu menor valor desde dezembro de 2013 na semana que acabou em 24 de março, mostram dados do governo americano. As participações curtas chegaram ao maior número desde que os dados começaram a ser compilados em 2006.

Inflação baixa

Uma medição básica dos preços ao consumidor, que exclui alimentos e combustível, subiu 1,4 por cento em fevereiro em relação a um ano atrás, mostraram dados do Departamento de Comércio na segunda-feira. O indicador é a medição da inflação preferida pelo Fed e não supera a meta de 2 por cento dos responsáveis pela política econômica desde março de 2012. O ouro é utilizado tradicionalmente como cobertura contra o crescimento dos preços ao consumidor.

O Bloomberg Dollar Spot Index, um indicador do dólar frente a dez moedas, cresceu pelo nono mês consecutivo em março, a série mais prolongada desde que os dados começaram a ser compilados em 2005. Festivais sazonais ajudam a impulsionar a demanda pela versão material do metal na Ásia durante o primeiro trimestre e não existem feriados com tradição de compra de ouro nos três meses encerrados em junho, segundo James Steel, analista do HSBC Securities (USA) Inc. em Nova York.

"A batalha com o dólar tem sido dura para o ouro", disse Dan Denbow, gerente de carteira do USAA Precious Metals Minerals Fund, de US$ 900 milhões, em San Antonio. "O segundo trimestre não é um período forte, portanto isso deveria reforçar os ventos contrários".

Título em inglês: 'Yellen Fails to Entice Gold Bugs as ETPs Lose $1.5 Billion (2)'

Para entrar em contato com os repórteres: Debarati Roy, em Nova York, droy5@bloomberg.net; Luzi Ann Javier, em Nova York, ljavier@bloomberg.net