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Nokia deixa nome Alcatel para trás em tentativa de reformular marca global

Kati Pohjanpalo

15/04/2015 16h36

(Bloomberg) -- A Nokia Oyj está buscando novamente o domínio mundial no setor de atuação.

A antiga líder mundial do ramo de aparelhos parece destinada a reconquistar parte da glória perdida em um negócio que relega a Alcatel-Lucent SA aos livros de história, pois o nome da empresa francesa será apagado na marca da empresa combinada. A sede do grupo ficará na Finlândia e a aquisição de US$ 16,6 bilhões transformará a Nokia na maior fornecedora de equipamentos para alimentação de redes de telefonia celular.

"Fazer com que sua marca assuma a marca Alcatel-Lucent é uma boa ideia, sob a perspectiva deles", disse David J. Cord, autor do livro "The Decline and Fall of Nokia" ("O Declínio e a Queda da Nokia", em tradução livre). "Seria uma boa forma de mantê-los no setor e de serem mais bem vistos no setor".

O negócio coroa uma história de reviravoltas da Nokia, que começou como uma fábrica de celulose em 1865 e já produziu de tudo, de botas de borracha a papel higiênico e televisores, antes de se transformar na maior fabricante de aparelhos do mundo, com um valor de mercado que, em seu auge, atingiu US$ 320 bilhões. Os finlandeses olhavam para a Nokia como um símbolo da transformação de seu país em uma economia impulsionada pela tecnologia.

O país, em seguida, viu com descrença quando a Nokia foi colocada de joelhos pelas rivais Apple Inc. e Samsung Electronics Co., culminando com a venda, em 2013, de sua divisão principal, a de telefonia celular, para a Microsoft Corp. durante a gestão do CEO Stephen Elop.

Psique finlandesa

"A Nokia fazia parte da cultura e da identidade finlandesa a tal ponto que foi difícil para os finlandeses a verem cair", disse Cord por telefone. "Agora que eles estão fazendo essas grandes mudanças internacionais e realmente crescendo com aquisições, acredito que isso ajudará muito a psique finlandesa, segundo a qual um país pequeno é capaz de ter uma empresa bem-sucedida globalmente".

Os anos obscuros da Nokia pesaram muito sobre a produção econômica do membro mais ao norte dentro da zona do euro, que continua abaixo do nível de 2008. Em 2000, a Nokia respondia por cerca de 4 por cento do produto interno bruto da Finlândia. A fatia caiu para apenas 0,2 por cento em 2013, segundo Jyrki Ali-Yrkko, economista da firma de pesquisa ETLA, com sede em Helsinque.

O CEO Rajeev Suri atualmente parece prestes a conduzir a empresa de 150 anos para sua próxima reencarnação. A aquisição da Alcatel-Lucent pela Nokia é a maior transação corporativa na história finlandesa, superando a aquisição da Sonera Oyj pela Telia AB, em 2002, por 9,9 bilhões de euros (US$ 10,5 bilhões) e a venda da divisão de aparelhos da Nokia, por 5,4 bilhões de euros.

Ciclo recorrente

"A Nokia foi capaz de se reinventar sem desaparecer e fez isso várias vezes em sua longa história", disse Cord.

Para o francês, que apoia a fusão, o negócio marca o fim de uma empresa que havia representado as proezas de engenharia do país e sua longa história de inovação. A aquisição efetuada pela Nokia, que ainda está sujeita à aprovação dos acionistas e dos órgãos reguladores, seria o capítulo final da história da outrora gigante industrial francesa, cujas antigas operações iam de voos espaciais à física teórica mais avançada.

Criada pela fusão da Alcatel SA com a Lucent Technologies, com sede nos EUA, em 2006, ambas com raízes na indústria de telecomunicações do fim do século 19, a empresa acumulou bilhões de euros em prejuízos, se enfraqueceu com a concorrência asiática e com a redução dos investimentos das operadoras de telefonia celular em equipamentos de rede durante a crise financeira.

"A reviravolta é muito mais rápida" para as empresas atualmente, disse Cord. "Há apenas alguns anos muitas pessoas pensavam que a Nokia poderia ir à falência, e agora olhe para ela -- eles estão realizando uma das maiores aquisições do setor de redes".

Título em inglês: Nokia Leaves Alcatel Name in Dust in Bid for Global Brand Reboot

Para entrar em contato com o repórter: Kati Pohjanpalo, em Helsinque, kpohjanpalo@bloomberg.net.