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Apartamentos em Nova York e obras de arte superam ouro como reservas de riqueza, diz presidente da BlackRock

Jonathan Burgos e Netty Ismail

21/04/2015 17h08

(Bloomberg) - O papel tradicional do ouro como reserva de riqueza foi usurpado pela arte contemporânea e por apartamentos em cidades como Nova York e Londres, segundo Laurence D. Fink, chefe da maior gestora de ativos do mundo.

"Historicamente, o ouro foi um grande instrumento de reserva de riqueza", disse o presidente da BlackRock Inc. em uma conferência em Cingapura na terça-feira. "Ele perdeu seu brilho e existem outros mecanismos nos quais se pode armazenar riqueza que são ajustados pela inflação".

Durante séculos o lingote de ouro atraiu tradicionalmente a demanda como proteção de riqueza durante crises, entre elas conflitos e períodos de inflação. Os preços registraram suas primeiras quedas anuais consecutivas desde 2000 no ano passado, pois as participações dos investidores em produtos negociados em bolsa se contraíram, as ações mundiais tiveram um rali e o dólar subiu devido às perspectivas de alta das taxas de juros nos EUA. Desde que atingiu um pico em 2011, o ouro caiu cerca de 38 por cento.

"As duas maiores reservas de riqueza no plano internacional atualmente são a arte contemporânea... e eu não estou brincando, quero dizer que é uma classe de ativos séria", disse Fink. "E a segunda, a outra reserva de riqueza hoje são apartamentos em Manhattan, em Vancouver, em Londres".

O lingote de ouro para entrega imediata, que teve um rali para até US$ 1.921,17 por onça em setembro de 2011, foi vendido a US$ 1.199,13 às 8h41 em Nova York, segundo preços genéricos da Bloomberg. O metal subiu cerca de 1,3 por cento neste ano depois de perder 1,4 por cento em 2014 e cair 28 por cento em 2013.

'Mais fácil de ter'

As participações de fundos negociados em bolsa (ETF) totalizaram 1.621,7 toneladas na segunda-feira, uma alta de 1,5 por cento neste ano depois de contrair 9,3 por cento em 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os fundos são negociados como ações, o que permite que os investidores tenham lingotes de ouro sem recebê-los fisicamente.

"A chegada de ETFs para o ouro tornou mais fácil possuir ouro e realmente democratiza o ouro", disse Fink na conferência Megatrends do Credit Suisse. "Eu não acredito que as pessoas acreditem que o ouro seja uma grande reserva de riqueza hoje".

O preço de venda médio de apartamentos já construídos em Manhattan deu um salto para US$ 1,3 milhão, seu maior valor em seis anos, no primeiro trimestre, impulsionado por compradores que buscam alternativas para os novos desenvolvimentos fora de seu alcance, segundo a corretora Corcoran Group. No Reino Unido, os preços das propriedades bateram um recorde em abril com uma valorização de 2,5 por cento em Londres, disse a Rightmove Plc na segunda-feira.

"Armazenar riqueza fora de seus países ficou muito mais acessível para famílias em todo o mundo", disse Fink. "E elas não têm que possuir ouro".

Título em inglês: 'NYC Apartments, Art Top Gold as Stores of Wealth, Says Fink (3)'

Para entrar em contato com os repórteres: Jonathan Burgos, em Cingapura, jburgos4@bloomberg.net; Netty Ismail, em Cingapura, nismail3@bloomberg.net