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Portugal diz que grau de investimento é importante para conseguir mais investidores

João Lima e Anabela Reis

05/05/2015 15h50

(Bloomberg) - Seria importante que Portugal recuperasse um rating de crédito com grau de investimento para ampliar o conjunto de investidores que adquirem a dívida do país, disse a ministra de Finanças, Maria Luís Albuquerque.

Apesar de Portugal estar vendendo dívida com vencimentos mais distantes e diminuindo os pagamentos a realizar nos próximos três anos depois de sair de um resgate e se beneficiar com custos menores para fazer empréstimos, alguns investidores são impedidos de possuir dívida considerada mais arriscada pelas agências de risco.

"Muitos investidores, em particular investidores institucionais, são restringidos, portanto ser promovido para um grau de investimento por uma das três maiores agências de classificação de risco abriria este conjunto de investidores e seria muito positivo", disse Albuquerque em um evento na Bloomberg em Londres nesta terça-feira. Ela disse que há investidores que estão tentando relaxar suas restrições para poderem investir em títulos sem grau de investimento.

O rating de crédito de Portugal continua abaixo do grau de investimento na Fitch Ratings, na Moody's Investors Service e na Standard Poor's, e a Moody's tem agendada a revisão do rating do país na sexta-feira. O yield sobre o bond de Portugal a dez anos era de 2,24 por cento às 13h25, horário de Londres, após alcançar 1,509 por cento em 12 de março, a menor taxa desde que a Bloomberg começou a compilar dados em 1997. O yield subiu para mais de 18 por cento em 2012.

No mês passado, o governo português elevou sua projeção de crescimento para 2015 e disse que antecipa que a economia acelere nos dois anos seguintes. O PIB se expandirá 1,6 por cento neste ano, superando uma estimativa prévia de crescimento de 1,5 por cento, 2 por cento em 2016 e 2,4 por cento anual nos três anos seguintes. A economia cresceu 0,9 por cento em 2014, depois de se contrair nos três anos anteriores.

Mais robusta

Albuquerque disse que a economia está mais robusta e que tem conseguido enfrentar a maioria dos desequilíbrios internos e externos, mas que é preciso continuar as reformas estruturais e conseguir atrair investimentos estrangeiros.

"Diante da insuficiência de capital na nossa economia, a melhor esperança para o desenvolvimento no futuro consiste em atrair investimentos estrangeiros para todos os setores da economia", disse ela. O país precisa de "um ambiente estável no âmbito econômico e político".

Portugal realizará uma eleição em uma data a ser marcada entre 14 de setembro e 14 de outubro. O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, líder do partido social-democrata no poder, e o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, líder do CDS, partido júnior da coligação, disseram em 25 de abril que eles proporiam manter a coligação para a próxima eleição.

Resgate da UE

Portugal, que recebeu um resgate da União Europeia e do FMI em 2011, imitou a Irlanda no ano passado quando abandonou o plano de ajuda sem a rede de segurança de uma linha de crédito preventiva. Neste ano, o governo realizou um pagamento antecipado de parte do seu empréstimo com o FMI depois que os custos de fazer empréstimos caíram e o Banco Central Europeu anunciou um plano de compra de bonds.

Albuquerque antecipa que dessa vez "com sorte" o ajuste fiscal de Portugal dure, já que agora as normas são mais estritas e a impossibilidade de recorrer a uma desvalorização complicou notavelmente o processo.

"Estamos sendo monitorados mais de perto, os desequilíbrios acumulados deixam menos espaço para fazer algo errado, então os mercados provavelmente dariam sinais mais cedo do que no passado", disse Albuquerque. "Eu acredito que o povo português se lembrará durante muito tempo de quão difícil foi o ajuste".

Título em inglês: 'Portugal Says Investment Grade Important to Get More Investors'

Para entrar em contato com os repórteres: João Lima, em Lisboa, jlima1@bloomberg.net; Anabela Reis, em Lisboa,areis1@bloomberg.net