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Brasil: Ações da Renner sobem em meio a crise do varejo que está afundando rivais

Folhapress
Imagem: Folhapress

Denyse Godoy e Christiana Sciaudone

20/05/2015 15h00

(Bloomberg) -- Os investidores jamais saberiam que os brasileiros estão reduzindo suas compras se observassem o desempenho das ações da Lojas Renner SA.

A Renner, maior rede varejista de vestuário do Brasil, é a empresa com a terceira melhor performance do Ibovespa neste ano depois que suas vendas aumentaram em 25% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior. As maiores rivais da rede, Cia. Hering e Marisa Lojas SA, estão em declínio após registrarem quedas nas vendas.

O aumento das receitas e a alta das ações da Renner se destacam em um ano em que as vendas do varejo estão em queda em todo o país, com os economistas projetando recessão. Enquanto a Hering mantém a reputação de oferecer itens básicos, como camisetas de algodão sem estampa, a Renner tem feito sucesso seguindo o modelo de fast-fashion de marcas internacionais como a Zara, da Inditex SA, disse Daniela Ribeiro Martins, analista da corretora Concórdia.

"A gente tem visto eles ganhando margem no varejo a cada trimestre", disse ela em entrevista por telefone, de São Paulo. "A gente vai ver um efeito ainda melhor a partir do ano que vem, focando na demanda, na procura realmente do consumidor, em adequar esse estoque, não ficar com estoques elevados e reduzir o tempo da oferta, de levar o produto do centro de distribuição até uma loja, eles querem reduzir esse tempo."

Após quedas nas vendas de vestuário no Brasil, de 7,5%  em fevereiro e de 1,2%  em março, segundo os dados mais recentes disponíveis, a alta das ações da Renner poderá perder impulso, disse Guilherme Assis, analista da corretora Brasil Plural.

Ação 'cara'

"Existe pouca tendência de aumento para as ações da empresa no momento. Elas estão caras", disse Assis em entrevista por telefone, de São Paulo. Ele recomenda a manutenção das ações da Renner, com um preço-meta de 12 meses de R$ 100.

A Hering, com sede em Blumenau, cuja queda de 31% neste ano até terça-feira rende à empresa a segunda pior performance do Ibovespa, se moldou com base na rede de varejo casual The Gap, dos EUA, disse Martins. Atualmente, a empresa enfrenta dificuldades para se desvencilhar desse molde e convencer os consumidores de que suas roupas estão na moda, disse ela.

O CEO da Renner, José Gallo, disse que continuará olhando para a Zara, da Espanha; para a H&M, marca da Hennes Mauritz AB, com sede em Estocolmo; e para a japonesa Uniqlo Co. em busca de "inspiração". O fast-fashion (moda rápida) é um termo usado pelas redes varejistas para representar os designs de roupas que passam rapidamente das passarelas para as lojas.

"Na Renner, temos muita humildade", disse Gallo em entrevista por telefone, de Porto Alegre, onde fica a sede da empresa. "Se alguém está fazendo alguma coisa melhor do que a gente, temos que ir lá, observar e fazer melhor".