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Americanos querem trabalhar mais horas e evidenciam lacuna no mercado de trabalho

Victoria Stilwell

28/05/2015 14h54

(Bloomberg Business) -- Saiu o relatório do Federal Reserve a respeito do bem-estar econômico das famílias dos EUA e ele traz uma descoberta muito interessante: uma fatia razoável de norte-americanos quer trabalhar mais horas, mesmo sem aumento.

O Fed perguntou a pessoas que não trabalham como autônomas se elas prefeririam trabalhar mais, menos ou a mesma quantidade de horas se o seu salário por hora permanecesse inalterado. O objetivo da pergunta era ajudar a medir o subemprego na economia, segundo o relatório.

Trinta e seis por cento dos participantes disseram que prefeririam trabalhar mais horas com o mesmo salário por hora. Entre aqueles com trabalhos de meio período, a fatia é ainda maior, de 49 por cento. Os resultados poderiam ajudar a presidente do Fed, Janet Yellen, e seus colegas a ligarem os pontos em um mercado de trabalho que ainda emite sinais confusos.

"Quando Yellen diz que a taxa de desemprego provavelmente não reflete plenamente a profundidade da lacuna do mercado de trabalho, é exatamente disso que ela está falando", disse Thomas Simons, economista do mercado monetário na Jefferies LLC em Nova York, em resposta a perguntas, por e-mail. "Até que os trabalhadores vejam mais oportunidades disponíveis com salários mais altos, eles estarão contentes em trabalhar pelo mesmo salário em vez de assumirem o risco de ganhar mais".

Trata-se de uma nova pergunta que não constou no relatório de 2014, segundo a porta-voz do Fed, Susan Stawick, em um e-mail, por isso infelizmente não existe um histórico para comparação.

Tamanho da lacuna

Contudo, se uma fatia suficientemente grande de pessoas está disposta a trabalhar mais tempo com o mesmo salário por hora, isso limita a pressão para que os empregadores aumentem os salários. Os ganhos médios por hora subiram apenas 2,2 por cento no período de 12 meses que terminou em abril, mesma faixa estreita na qual o indicador vem flutuando desde o início da recuperação da economia e muito distante do ritmo de 3 por cento a 4 por cento que é a norma histórica.

De Washington a Wall Street, os economistas vêm tentando identificar qual é o tamanho da lacuna na economia em um momento em que a taxa de desemprego está no nível mais baixo dos últimos sete anos e as folhas de pagamento são ampliadas a um ritmo bastante estável. Contudo, algumas formas de subemprego -- por exemplo, quando alguém com título universitário trabalha como barista -- podem ser mais difíceis de calcular.

"O fato de a pergunta ter sido feita, em primeiro lugar, mostra o empenho do Fed, sob o comando de Yellen, para definir a lacuna no mercado de trabalho", disse Chris Rupkey, economista financeiro-chefe do Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ Ltd., em resposta por e-mail a perguntas. "Mas eu admitiria que talvez não exista pressão suficiente para aumentar os salários nesse mercado de trabalho apertado".

Título em inglês: Americans Wanting More Work at Same Wage Show Job Market Slack

Para entrar em contato com o autor: Victoria Stilwell, vstilwell1@bloomberg.net.