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Usina alemã que utiliza energia eólica para produzir hidrogênio apresenta desafio para veículos elétricos da Tesla

Alex Webb

02/07/2015 15h13

(Bloomberg) - Após décadas de pesquisa, a Linde AG diz que finalmente está ficando claro quais são os elementos necessários para converter os carros movidos a hidrogênio em um desafiante viável dos veículos impulsionados por baterias da Tesla Inc.

O maior fornecedor de gás industrial do mundo abrirá hoje uma fábrica que emprega energia eólica para converter água em gás. Isto completa o círculo para um combustível quase totalmente livre de carbono - da extração do gás e as instalações de reabastecimento até os próprios veículos - e também impulsiona a reputação ecológica do hidrogênio, segundo a Linde, com sede em Munique.

A fábrica de pesquisa na margem do Rio Reno, chamada Energiepark Mainz e desenvolvida junto à Siemens AG, se soma a dois outros desenvolvimentos importantes em matéria de células de combustível neste ano. A Toyota Motor Corp., a maior fabricante do setor automotivo, começará a produção do seu carro movido a hidrogênio, o Mirai, e um grupo que inclui a Linde, a Royal Dutch Shell Plc, e a Daimler AG iniciará o lançamento de uma rede padronizada de estações de reabastecimento amigáveis com o hidrogênio em toda a Alemanha.

"Tudo funciona somente se tivermos três passos: a geração do hidrogênio, o reabastecimento, e os carros", disse Andreas Opfermann, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Linde. "Estamos em uma melhor situação do que os carros movidos por baterias, porque cada país tem suas próprias tomadas, seu próprio nível de voltagem. Agora temos postos padrão de abastecimento".

'Mais autonomia'

O CEO da Tesla, Elon Musk, opinou que a maioria do hidrogênio comercial para células de combustível é feito com gás natural em um processo que consome energia e emite carbono. Também é perigoso armazenar e transportar hidrogênio, disse ele.

Contudo, os carros movidos a hidrogênio contam com duas vantagens principais sobre seus rivais movidos por baterias, disse Salim Morsy, analista da Bloomberg New Energy Finance em Nova York.

"Seu reabastecimento é mais rápido e eles têm muito mais autonomia do que os veículos elétricos", disse o analista. "Reabastecer um carro movido a hidrogênio para cobrir uma distância de 640 quilômetros pode levar apenas cinco minutos, em comparação a uma carga de sete horas para que um veículo elétrico viaje apenas 320 quilômetros".

A Linde diz que a Energiepark Mainz poderia ajudar a calar a crítica de que as células de combustível de hidrogênio são apenas marginalmente mais ecológicas do que os veículos tradicionais de combustão, e permitir a extração do gás em qualquer lugar seja onde houver vento e água. A BMW AG também começará os testes de um veículo movido a hidrogênio neste mês.

Bombas de posto

"Quando soubemos que o Mirai ia entrar em produção, foi um dos anúncios mais importantes para o nosso setor", disse Robert Adler, que passou quinze anos como engenheiro-chefe da Linde no seu local de pesquisa sobre hidrogênio nos subúrbios de Viena. "Seria uma pena se o projeto não levantasse voo, porque temos desenvolvido uma competência real".

A iniciativa alemã para o hidrogênio - chamada "H2 Mobility" e que também inclui a Air Liquide SA, a Total SA e a operadora austríaca de postos de gás OMV AG - visa instalar 400 pontos de reabastecimento de hidrogênio na maior economia da Europa até 2023 por um custo de aproximadamente 350 milhões de euros. Cerca de metade desse montante será financiada por subsídios estatais, segundo Opfermann da Linde. Assim, cada carro movido a hidrogênio estará a uma viagem de até 50 minutos de um posto de gás.

Em vez de construir novos postos de gás, a meta é simplesmente adicionar a nova bomba e o equipamento aos atuais locais, aproveitando a infraestrutura para o cliente dos operadores.

"Durante muito tempo, nós acumulamos conhecimentos sem aumentarmos muito a nossa receita", disse Adler da Linde. "Agora as coisas estão ficando empolgantes".

Título em inglês: 'German Wind-to-Hydrogen Plant Takes Car-Fuel Battle to Tesla (1)'

Para entrar em contato com o repórter: Alex Webb, em Munique, awebb25@bloomberg.net