Benioff, da Salesforce, diz que a SAP rejeitou oferta por maior cooperação

(Bloomberg) -- O CEO da Salesforce.com Inc., Marc Benioff, disse que seu par da rival SAP SE rejeitou uma oferta para que as duas fabricantes de softwares empresariais cooperassem mais entre si depois que seus clientes pediram uma maior compatibilidade técnica.

Bill McDermott, da SAP, resistiu às propostas, disse Benioff em entrevista na quinta-feira em uma conferência de clientes, em Munique. Ele pontuou que a Salesforce fechou acordos de compartilhamento de tecnologias e dados com a Oracle Corp., a Microsoft Corp. e a VMware Inc.

"Nós fizemos uma oferta de paz a eles", disse Benioff, 50. "Eu disse a Bill que queríamos ter uma relação mais profunda com eles. Sim, somos concorrentes, mas deveríamos ser parceiros também. Ele tem medo da Salesforce".

Em um momento em que o setor de tecnologia passa por uma mudança única em uma década a respeito de como as empresas compram poder computacional, a empresa de Benioff atraiu interesse de aquisição, provocando uma subida de 19 por cento no valor de mercado da Salesforce, que tem sede em São Francisco, neste ano. A Microsoft, a Oracle e a SAP estão sacrificando as licenças dos softwares empresariais tradicionais para registrar vendas de ferramentas de computação em nuvem entregues pela internet. A base de clientes da Salesforce, que está crescendo rapidamente, se tornou um ativo cobiçado.

Um porta-voz da SAP preferiu não comentar e encaminhou declarações feitas em maio por McDermott, nas quais disse que "os preços vão cair e as receitas serão pressionadas".

Centro de dados alemão

Benioff passou as últimas semanas na Europa, conversando com clientes na Alemanha, em Paris e em Londres e até mesmo se reunindo com o papa no Vaticano. Durante um discurso, na quinta-feira, ele disse que a Salesforce planeja investir mais de US$ 1 bilhão na Alemanha ao longo dos próximos cinco anos porque a empresa busca somar clientes em setores como o automotivo e o de maquinários. Seu primeiro centro de dados alemão, operado pela Deutsche Telekom AG, abrirá no mês que vem perto de Frankfurt.

A Bloomberg reportou em abril que a Salesforce estava trabalhando com banqueiros para receber as ofertas de aquisição. A Microsoft avaliou uma possível oferta pela Salesforce, e Benioff e McDermott tiveram negociações estratégicas no ano passado, que incluíram uma potencial aquisição da Salesforce, segundo fontes informadas sobre o assunto.

Benioff "está na pole position", disse Brent Thill, analista do UBS Group AG em São Francisco, que mantém um rating de compra para a Salesforce. "As outras empresas precisam dele muito mais do que ele precisa vender".

Com a desaceleração ou declínio das vendas de licenças de softwares tradicionais, Benioff, o presidente do conselho da Oracle, Larry Ellison, e McDermott estão cada vez mais lançando críticas uns aos outros.

'Zero interesse'

Ellison prevê que superará a Salesforce em novas vendas em nuvem neste ano. McDermott diz que tem "zero interesse" em adquirir a Salesforce e Benioff disse na entrevista que seu objetivo é "substituir a SAP como a terceira maior empresa de software".

A Salesforce tem mostrado impulso. Em maio, a empresa subiu sua projeção de receita para o ano fiscal cheio para US$ 6,55 bilhões, ou 22 por cento de crescimento sobre o aumento de 32 por cento do ano passado. Há também cerca de US$ 9 bilhões em receita diferida com assinaturas de softwares a serem registradas como vendas nos próximos anos.

Benioff também está pensando em seu futuro e defende uma maior filantropia por parte das companhias e dos líderes empresariais. Ele doou dinheiro a projetos de saúde e alinhou a Salesforce a várias instituições de caridade.

"Isso é o que me anima a cada dia", disse ele. "Eu acho que eu não vou estar administrando outra empresa de tecnologia" em 10 anos.

E ele não considera a possibilidade de concorrer a um cargo eletivo.

"Eu não estou de todo interessado em política. Isso é uma espécie de perversão. Se um CEO começa a falar sobre certos assuntos -- direitos das mulheres e dos gays, racismo --, de repente ele vira político".

Título em inglês: Salesforce's Benioff Says SAP Rebuffed His 'Olive Branch'

Para entrar em contato com o repórter: Aaron Ricadela, em Munique, aricadela@bloomberg.net.