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Ações da Peugeot e Renault estão na dianteira, mas crescimento de vendas e margens ficou para trás

Mathieu Rosemain

06/07/2015 16h28

(Bloomberg) - Embora a PSA Peugeot Citroën e a Renault SA tenham sido as claras vencedoras entre as ações automotivas deste ano, o desempenho financeiro das duas empresas não conseguiu acompanhar o ritmo.

As duas fabricantes francesas, que tiveram um desempenho inferior no mercado acionário durante a crise financeira de 2008, se beneficiaram com a recuperação das vendas na Europa, que representa pelo menos metade de suas remessas. Ao mesmo tempo, suas margens de lucro e o crescimento das vendas estão ficando atrás de seus pares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A Peugeot, que vendeu 61 por cento de seus veículos na sua região de origem durante os cinco primeiros meses do ano, está particularmente exposta à Europa.

"Vai chegar um momento em que a realidade vai bater na porta da Peugeot", disse Kristina Church, analista da Barclays Plc que tem uma recomendação underweight para as ações. "Grande parte desse desempenho sobressalente deveu-se à recuperação das vendas automotivas na Europa. As variáveis fundamentais da Renault são muito mais fortes do que as da Peugeot, mas se falarmos da situação macro, ambas as ações estão expostas".

Como as economias europeias estão crescendo mais lentamente do que as da Ásia e dos EUA e a crise de dívida da Grécia está tumultuando ainda mais a região, a recuperação do mercado automotivo continua sendo frágil. As vendas de carros na Europa avançaram 6,7 por cento nos cinco primeiros meses do ano, de acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. Esse ritmo é mais acelerado do que o crescimento de 2 por cento previsto pela associação no começo do ano e o grupo se aferra à própria estimativa.

Redução de custo

A Peugeot, a segunda maior fabricante de veículos da Europa, depois da Volkswagen AG, observou um crescimento de 1,7 por cento de suas vendas na região, para o total de 632.349 automóveis, e a Renault deu um salto de 10 por cento, para 575.116 veículos. As ações da Peugeot avançaram 84 por cento neste ano e as da Renault subiram 57 por cento.

O ritmo da recuperação acionária da Peugeot também pode ser explicado por sua reestruturação e pela redução de custos. A companhia informou em fevereiro seu primeiro lucro anual em três anos, depois que a crise econômica deixou-a à beira da falência em 2013.

O CEO Carlos Tavares, que entrou na Peugeot em 2014, chamou seu plano de recuperação de "volta à corrida". O objetivo da empresa é agilizar a linha de produção, melhorar o posicionamento de suas três marcas, inclusive a nova e luxuosa DS, e dar continuidade às iniciativas de reestruturação, particularmente nas regiões que estão perdendo dinheiro, Rússia e América Latina.

Sob pressão

Essa recuperação ainda não acabou. Por que então os mercados estão tão altistas?

"Porque todos os investidores já apostaram que estamos de volta à corrida", disse Tavares em uma entrevista coletiva no Marrocos, no mês passado, quando a fabricante de veículos estava prestes a anunciar a construção de sua primeira fábrica na África. "Veremos, veremos. Estão nos pressionando".

Hélène Mazier, porta-voz da Renault, não quis comentar o desempenho das ações da empresa.

Título em inglês: 'Peugeot, Renault Stocks Beat Peers as Sales Growth, Margins Lag'

Para entrar em contato com o repórter: Mathieu Rosemain, em Paris, mrosemain@bloomberg.net