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Brasil: Antes céticos, traders creem que Tombini está decidido a controlar a inflação

Mário Sérgio Lima

06/07/2015 10h16

(Bloomberg) - Os traders do Brasil estão começando a acreditar nas palavras do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

A probabilidade de que os responsáveis pela política econômica não cortem as taxas de juros até março quase dobrou para 50 por cento nos últimos 30 dias, mostram os futuros de swaps.

Esse salto ocorre no momento em que os responsáveis pela política econômica liderados por Tombini levam adiante uma campanha para dissipar a especulação de que a pior contração econômica em 25 anos irá forçá-los a reduzir as taxas ainda neste ano. Tombini reiterou na quarta-feira que o Banco Central se compromete a conter a inflação, que chegou a 8,47 por cento, o valor mais alto em 11 anos. O Brasil elevou sua taxa de referência em 0,50 ponto porcentual pela quinta reunião consecutiva, no mês passado, para 13,75 por cento.

"Todo mundo foi pego de surpresa por esse novo tom hawkish do Banco Central e as ações deles foram condizentes com o novo discurso", disse Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimentos do Brasil, em entrevista por telefone, de São Paulo. "Sem ancorar completamente as expectativas, eles não vão mudar a estratégia de jeito nenhum".

A assessoria de imprensa do Banco Central não quis comentar.

Em um evento ocorrido na quarta-feira, em São Paulo, Tombini disse que o objetivo dos responsáveis pela política econômica é reduzir a inflação à meta de 4,5 por cento no final do próximo ano.

Perspectiva de inflação

Naquele mesmo dia, um membro da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff com conhecimento sobre a política monetária disse que o Banco Central poderia demorar mais do que o previsto pelos analistas para começar a cortar as taxas porque quer garantir que a inflação esteja controlada. O assessor, que pediu anonimato porque a informação é confidencial, disse que a perspectiva de inflação para 2016 precisaria ficar abaixo da meta para gerar as condições necessárias para a flexibilização monetária.

Os aumentos do custo de vida vão desacelerar para 5,5 por cento em 2016, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Central com analistas que foi publicada no dia 30 de junho.

As taxas de swap mostram que os traders esperam que Tombini aumente a taxa básica Selic para 14,25 por cento em julho. O Brasil é o único país do G20 a elevar os custos de fazer empréstimos neste ano.

"Ficou claro aonde o Banco Central quer chegar com os aumentos das taxas", disse Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, em São Paulo. "Eles só vão começar a cortar as taxas depois que as expectativas estiverem ancoradas e embora elas venham melhorando, ainda falta um pouco".

Título em inglês: 'Once-Skeptical Traders Now See Tombini Resolve to Tame Inflation'

Para entrar em contato com o repórter: Mário Sérgio Lima, em Brasília, mlima11@bloomberg.net