IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Corretoras chinesas recorrem a manual tático de Wall Street no crash de 1929

Bloomberg News

06/07/2015 13h46

(Bloomberg) - Em Wall Street, em 1929, eram as grandes casas bancárias do J.P. Morgan e da Guaranty Trust Company.

Na China atual, são nomes como a Citic Securities Co. e a Guotai Junan Securities Co.

Embora estejam separados por 86 anos e quase 11.750 quilômetros, os financistas chineses estão consultando o mesmo manual tático que seus colegas americanos utilizaram para combater a quebra que está acabando com fortunas do mercado acionário a uma escala sem precedentes.

Os investidores na China esperam que a tática funcione muito melhor desta vez.

Quando cinco dos financistas mais poderosos dos EUA se reuniram na House of Morgan, no número 23 de Wall Street, em 24 de outubro de 1929, o impacto imediato do plano para reunir recursos e apoiar o mercado foi estimulante: o pânico da Quinta-Feira Negra deu lugar à recuperação e o New York Times elogiou os banqueiros por colocarem um chão sob os preços das ações.

O impulso à confiança não durou muito. A depressão voltou na segunda-feira seguinte e o Dow Jones Industrial Average perdeu 13 por cento. O indicador acabaria caindo mais 34 por cento nas três semanas seguintes.

Talvez as medidas de apoio na China também tenham um impacto efêmero, segundo Hao Hong, estrategista da Bocom International Holdings Co. em Hong Kong.

No sábado, um grupo de 21 corretoras chinesas se comprometeu a investir 120 bilhões de yuan (US$ 19,3 bilhões) em um fundo acionário de capitalização elevada projetado para estabilizar as ações depois da maior depressão de três semanas no Shanghai Composite Index desde 1992. A medida coincidiu com uma rajada de outras medidas de impulso ao mercado, como a proibição das aberturas de capital e medidas regulatórias para desencorajar os vendedores a descoberto.

Pequeno demais

Como a receita diária nos mercados chineses beira 2 trilhões de yuan, talvez o fundo de apoio seja pequeno demais para gerar um impacto significativo e duradouro, segundo Hong. Ele também não contribui muito para aumentar a confiança nas ações de empresas de valor de mercado pequeno, que estiveram entre as mais prejudicadas pela depressão.

"Esses 120 bilhões de yuan não vão durar nem uma hora nesse mercado", disse Hong, em uma entrevista por telefone, de Pequim, no sábado. "Talvez isso beneficie as ações de empresas de primeira linha, já que os investidores poderiam considerá-las valiosas, mas é provável que o estouro da bolha nas ações de companhias com valor de mercado pequeno e de tecnologia continue".

Título em inglês: 'China Brokers Dust Off Wall Street's Playbook From Crash of 1929'

Para entrar em contato com os repórteres: Michael Patterson, em Hong Kong, mpatterson10@bloomberg.net; Feiwen Rong, em Pequim, frong2@bloomberg.net