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Das joalherias aos hotéis, empresas de Hong Kong sofrem com as dores da China

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Lisa Pham, Penny Peng e Sharon Chen

28/07/2015 13h33

(Bloomberg Business) - Para Hong Kong, foi uma coisa atrás da outra.

Protestos contra a China e a favor da democracia ocorridos no ano passado levaram a fechar lojas e a cancelar reservas de grupos de turismo do continente. Enquanto isso, a desaceleração da economia chinesa e as campanhas anticorrupção e de austeridade do presidente Xi Jinping também deixaram os chineses mais cautelosos com as compras de conhaques caros e bolsas Gucci na cidade.

Embora continue sendo o maior destino de saída dos grupos turísticos chineses, Hong Kong corre o risco de perder essa liderança em contraste com rivais como Tailândia e Coreia do Sul, e alternativas continentais, como Shenzhen e Xangai. O número de turistas da China continental em Hong Kong cresceu no ano passado ao ritmo mais lento desde 2009, mostram dados da Bloomberg Intelligence.

Com menos chineses do continente pernoitando, a média das diárias nos hotéis de Hong Kong caiu pelo nono mês consecutivo até junho.

Além disso, a China reduziu as tarifas de produtos como cremes faciais e tênis importados a partir de 1º de junho, diminuindo o atrativo de Hong Kong como um destino mais barato de compras.

Consequências dolorosas

Para os lojistas de Hong Kong, as consequências foram imediatas e dolorosas. As vendas varejistas caíram em quatro dos cinco meses até maio, e joias, relógios e outros presentes de alto padrão foram os mais afetados.

A Burberry Group Plc, cujas lojas em Hong Kong nos distritos de compras de Tsim Sha Tsui e da Baía de Causeway venderam bolsas de 18.500 dólares de Hong Kong (US$ 2.400) e vestidos de 24.000 dólares de Hong Kong, disse que poderia tentar reduzir sua conta de aluguel para compensar a piora da queda em Hong Kong, e a Emperor Watch Jewellery Ltd., que vende relógios Cartier e Montblanc, disse que poderia fechar uma ou duas de suas lojas em Hong Kong quando os contratos de aluguel terminarem no fim deste ano.

Além disso, as notícias vindas da China não inspiram muita confiança. A destilaria francesa Rémy Cointreau SA informou que as vendas no primeiro trimestre ficaram abaixo das estimativas dos analistas, pois os atacadistas chineses continuaram a reter as encomendas de conhaque. A Prada SpA também informou lucros inferiores às expectativas dos analistas para o primeiro trimestre devido à queda das vendas na China e fabricantes estrangeiras de veículos, como a Audi, fizeram descontos para atrair os compradores.

Sem alívio

Então, não há alívio à vista para Hong Kong. O conselho de turismo prevê que o crescimento geral do número de visitantes vai desacelerar de 12% no ano passado para 6,4% em 2015 e que a chegada de turistas da China continental deve cair pela metade, para 8%. A economia de Hong Kong cresceu 2,1% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, um ritmo mais fraco do que a expansão atualizada de 2,4% de outubro até dezembro.

"Estamos expostos demais à China", disse Silvia Liu, economista em Hong Kong do UBS AG. "Estruturalmente, até o setor turístico se consolidar e Hong Kong encontrar novos motores de crescimento, continuo sem ver uma saída".

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