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A corretora de navios Clarksons prevê minério de ferro por US$ 35 devido à recuperação de estoques portuários

Jasmine Ng

29/07/2015 12h27

(Bloomberg) - Para ter uma pista sobre o rumo dos preços do minério de ferro, observe os estoques nos portos da China.

As posses provavelmente vão continuar se recuperando, depois de terem atingindo o valor mais baixo em 19 meses, graças ao aumento da oferta, segundo a Clarksons Platou Securities Inc., a maior corretora de navios do mundo, que diz que os preços poderiam cair para US$ 35 a tonelada no segundo semestre. Os estoques, de 82,5 milhões de toneladas na semana passada, poderiam chegar a 95 milhões de toneladas por volta de setembro, disse o Australia New Zealand Banking Group Ltd.

"Como consideramos que a produção chinesa de aço encerrará o ano com um declínio em relação ao ano anterior, a oferta terá que ir para algum lugar e os estoques portuários são o lugar lógico", disse Jeremy Sussman, analista da Clarksons em Nova York, por e-mail.

O minério de ferro foi afetado por dois fatores neste ano. O metal despencou neste mês para o nível mais baixo em pelo menos seis anos, porque os estoques nos portos diminuíram e depois se recuperaram. As maiores companhias mineradoras do mundo, entre elas a BHP Billiton Ltd. e a Vale SA, aumentaram a produção, embora o crescimento da demanda tenha estagnado na China, no intuito de impulsionar as vendas e reduzir os custos. Mais incrementos na produção de baixo custo poderiam fazer com que os preços desabem para a faixa dos US$ 30 neste ano, segundo o Citigroup Inc.

"Talvez os níveis de estoque comecem a crescer modestamente nos próximos meses, já que o crescimento da oferta está acelerando mais uma vez. Contudo, em um mercado de compradores, é provável que isso acarrete mais declínios nos preços", disse o Goldman Sachs Group Inc. em um relatório na segunda-feira. O banco projeta que o minério de ferro vai cair nos próximos quatro trimestres.

Recorde

O minério com 62 por cento de conteúdo enviado para Qingdao subiu 2,1 por cento, para US$ 53,45 a tonelada seca, na terça-feira, o nível mais alto em mais de três semanas, segundo a Metal Bulletin Ltd. Os preços afundaram para US$ 44,59 em 8 de julho, um recorde nos dados que remontam a maio de 2009, e ganharam 19,9 por cento desde então.

Os estoques nos portos se contraíram do recorde de 113,7 milhões de toneladas em julho de 2014 para apenas 79,4 milhões de toneladas em junho depois de quatro declínios trimestrais, segundo dados semanais compilados pela Shanghai Steelhome Information Technology Co. A queda de 21 por cento nos três meses encerrados em junho ajudou a que os preços tivessem um rali de 16 por cento.

O principal motivo para a acumulação de estoques portuários é a desaceleração da demanda chinesa por aço, segundo Anurag Soin, analista do ANZ. A atividade se manterá fraca durante os próximos dois meses, o que aumentará ainda mais os estoques nos portos, disse ele por e-mail.

A produção de aço na China caiu 1,3 por cento no primeiro semestre, depois de ter atingido um pico no ano passado, segundo a China Iron Steel Association. Como o consumo aparente recuou 4,7 por cento nos primeiros seis meses de 2015, mais usinas estavam tentando vender no exterior, disse o grupo em um comunicado nesta semana.

Título em inglês: 'Iron Ore Seen at $35 by Clarksons as Port Stockpiles to Rebound'

Para entrar em contato com o repórter: Jasmine Ng, em Cingapura, jng299@bloomberg.net