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Airbus diz que demanda pelo A320 é suficientemente forte para elevar a produção

Pascal Pavani/AFP
Imagem: Pascal Pavani/AFP

Andrea Rothman

31/07/2015 14h23

(Bloomberg) -- A Airbus Group SE disse que a demanda por seu avião A320 de corredor único, que é considerado uma espécie de burro de carga da aviação e é o maior gerador de lucros da empresa, é suficientemente forte para elevar a produção, uma jogada que poderia pesar ainda mais sobre os fornecedores, já sobrecarregados.

A Airbus já anunciou que planeja aumentar a produção de aviões de corredor único para 50 ao mês até 2017, aproximando-se do ritmo de 52 por mês que a Boeing Co. planeja para seu próprio modelo 737 de corredor único até 2018. A produção do A320 atualmente é de 44 unidades em um momento em que a Airbus está iniciando uma mudança em direção à construção do mais recente A320neo.

"Nós claramente vemos potencial para ir além da taxa de 50 por mês. Há mercado, o mercado está estável, mas nós da Airbus sempre fomos muito prudentes antes de tomar decisões sobre aumentos de produção", disse o CEO Tom Enders na sexta-feira, depois que a Airbus divulgou seus lucros. "Acredito que antes do fim do ano teremos uma decisão".

A Airbus está levando adiante uma carteira de encomendas de aeronaves que se estende por vários anos e seu A320neo é a aeronave comercial com melhores vendas na história da aviação. Com a produção de mais aviões nas fábricas da Alemanha, da França, da China e dos EUA, a Airbus será mais exigente com seus fornecedores. Os parceiros como a fabricante de motores Safran SA disseram nesta semana que estão no limite de sua capacidade de produção.

Enders disse que a Airbus está avaliando se conta, em si, com as ferramentas e os sistemas para permitir uma mudança para taxas mais elevadas e se os fornecedores estão preparados e têm capacidade suficiente.

Sequência das negociações

"Esta é uma discussão em curso entre os fornecedores e entre nós e os fornecedores", disse ele.

Enders falou sobre o assunto depois de a empresa informar um aumento de 15% nos lucros do segundo trimestre sobre um total mais elevado de entregas de aeronaves civis. Os lucros antes de juros, impostos e itens extraordinários subiram de 1,07 bilhão de euros para 1,23 bilhão de euros (US$ 1,35 bilhão), superando as estimativas de 1,07 bilhão de euros dos analistas.

A Airbus registrou um custo de 290 milhões de euros por seu avião de transporte militar A400M depois que um modelo sofreu um acidente em um voo de teste na Espanha, em maio. As vendas subiram 16%, para 16,8 bilhões de euros, e o fluxo de caixa livre no primeiro semestre foi de 549 milhões de euros.

A companhia aeroespacial europeia, responsável por dois terços das vendas da Airbus Commercial, tirou proveito da demanda por novos jatos com maior eficiência de combustível em um momento em que as empresas aéreas buscam se proteger da volatilidade do custo do combustível. A Airbus diz que espera atingir o ponto de equilíbrio na produção de seu A380 neste ano e que mira uma primeira entrega do modelo A320neo no fim do ano.

"Foi um excelente trimestre, não apenas para a Airbus Commercial, mas para todas as divisões", disse Yan Derocles, analista da Oddo Securities em Paris. "O fluxo de caixa livre foi surpreendentemente positivo, mostrando que eles estão fazendo um trabalho melhor de execução dos programas".

Enders disse que a eficiência operacional na construção do A380 melhorou a tal ponto que a Airbus pode equilibrar a produção neste ano, mesmo com entregas de pouco menos de 30 aviões, o limite anterior para entregas anuais.

A queda de um A400M na Espanha provocou a morte de quatro dos seis funcionários que participaram do teste do avião. O fornecimento foi retomado e a empresa agora está buscando entregar de 13 a 17 aviões em 2015. A empresa tem 174 encomendas do A400M.

A Airbus Group manteve a orientação de entregas "ligeiramente mais elevadas" para este ano em relação a 2014, com receitas superiores e um "ligeiro" incremento nos lucros operacionais antes de determinados itens, com um ponto de equilíbrio no fluxo de caixa antes de aquisições.