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EUA: Na corrida pelo dinheiro, campanha de Rick Perry mostra o poder de poucos

Zachary Mider

31/07/2015 14h15

(Bloomberg Politics) -- Se Rick Perry alguma vez quiser agradecer àqueles que forneceram a maior parte do dinheiro por trás de sua campanha presidencial, não seria necessário alugar um salão de festas, nem mesmo os fundos de um restaurante de Austin. Ele poderia espremê-los em uma caminhonete.

Cerca de US$ 11 milhões do total de US$ 13,8 milhões levantados até 30 de julho para apoiar o ex-governador do Texas -- considerando na conta um super-PAC (comitês de ação política sem limite de arrecadação) que o apoia e também sua campanha oficial -- vêm de apenas dois homens de Dallas: o executivo de uma empresa de dutos, Kelcy Warren, e o fundador de uma empresa de computação, Darwin Deason.

A contagem dos maiores doadores políticos da disputa presidencial está tomando forma nesta semana, porque os super-PACs têm até o fim desta sexta-feira para apresentarem suas listas de colaboradores à Comissão Eleitoral Federal dos EUA (FEC, na sigla em inglês). Já está ficando claro que nessa campanha presidencial a sorte de alguns candidatos será maior ou menor com base nos caprichos de um punhado de bilionários.

"Nós nunca tivemos isso antes -- não a esse ponto tão extremo", disse Chart Westcott, um investidor de Dallas e doador político, que diz que em geral apoia a flexibilização das restrições a campanhas por motivos de liberdade de expressão. "Por outro lado", disse ele, "é estranho para o processo democrático que alguns indivíduos tenham tanta importância dentro dele".

O senador Ted Cruz pode ser outro candidato nessa situação. Cerca de US$ 36 milhões dos US$ 51 milhões que apoiam sua candidatura presidencial vêm de apenas três famílias, segundo uma reportagem da CNN da semana passada.

O padrão desequilibrado de captação de recursos não vale para todos na corrida. Jeb Bush, o ex-governador da Flórida cujos US$ 114 milhões em arrecadação lideram o lado republicano, não recebeu nenhuma contribuição individual de mais de US$ 3 milhões para seu super-PAC. E até o momento o super-PAC que apoia Hillary Clinton, a favorita entre os democratas, não levantou nem de perto tanto quanto sua campanha oficial, na qual os cheques estão limitados a US$ 2.700 por doador.

"A capacidade de um bilionário de escrever cheques polpudos para um super-PAC representa uma ameaça de corrupção", disse Paul S. Ryan, advogado do Campaign Legal Center, que pressiona por uma maior regulação das finanças de campanha. "Quem assina esses cheques terá todo o acesso e a influência que puder sonhar".

Mas Stephen Klein, do Pillar of Law Institute, que apoia a flexibilização dessas restrições, chamou de "bobagem" a presunção de que os candidatos mudariam suas posturas políticas para se alinharem aos doadores ricos.

"Por que as pessoas apoiam aquele candidato? Provavelmente porque o candidato ou candidata já tem afinidade com todas as coisas que eles pensam que são importantes", disse Klein.

Membros da campanha de Perry não responderam aos pedidos de comentário. Rick Tyler, um porta-voz de Cruz, rejeitou a presunção de que Cruz pudesse ser influenciado por um doador.

"Quem acompanha Ted Cruz sabe que ele fala a verdade e fala a verdade quando ela é impopular entre os poderosos", disse Tyler. "Essa tem sido sua história".

As grandes doações mostram como a Citizens United, a decisão judicial de 2010 que levou indiretamente à criação dos super-PACs, continua dando forma à política dos EUA. Os super-PACs podem aceitar doações ilimitadas de pessoas físicas e jurídicas, desde que elas não vinculem seus gastos a uma campanha, e abriram as portas para uma era de gastos livres.

O super-PAC que apoia Perry, Opportunity and Freedom, ainda não revelou seus doadores à FEC, mas os principais nomes foram informados pela CNN e confirmados por Austin Barbour, um funcionário do PAC. Warren, cuja empresa Energy Transfer Equity é uma das maiores operadoras de dutos dos EUA, preferiu não comentar. Deason, que vendeu sua firma Affiliated Computer Services à Xerox em 2010, não respondeu a um pedido de comentário.

Título em inglês: In Money Race, Rick Perry's Campaign Shows the Power of Few

Para entrar em contato com o autor: Zachary Mider, zmider1@bloomberg.net.