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Japão realizará 1º voo de teste de jato de passageiros no fim de outubro

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Imagem: Divulgação

Chris Cooper

31/08/2015 11h51

(Bloomberg) -- O Japão abriga algumas das maiores fabricantes de automóveis do mundo, é um dos maiores produtores de navios do mundo e seus trens são utilizados em sistemas de metrô e ferrovias de alta velocidade em todo o mundo. Um setor no qual o país ainda não penetrou é o de construção de jatos de passageiros.

A Mitsubishi Aircraft busca mudar isso com o primeiro novo avião de passageiros do Japão em mais de quatro décadas -- e o primeiro jato de passageiros da história do país --. O Mitsubishi Regional Jet fará seu primeiro voo na segunda quinzena de outubro, durante cerca de uma hora, disse a empresa com sede em Nagoia em um comunicado, nesta segunda-feira (31).

O Japão quer romper o virtual domínio da Embraer e da Bombardier no mercado de jatos de passageiros de pequeno porte, semelhante ao controle da Boeing e da Airbus no mercado de aviões de passageiros de grande porte.

Como a Bombardier, que tem sede em Montreal, agora está enfocando em jatos CSeries maiores, que serão capazes de transportar até 160 passageiros, a Mitsubishi Aircraft enxerga uma abertura que acredita que poderá preencher. O MRJ90, com 92 assentos, é comercializado a um preço de tabela de US$ 47,3 milhões.

"A Mitsubishi pode ter um plano realmente bom se puder produzi-lo em quantidade e manter os custos baixos", disse Edwin Merner, presidente da Atlantis Investment Research em Tóquio, que voou no YS-11, o último avião de passageiros produzido pelo Japão. "Eles têm a competência para fazê-lo e se o avião for bom, eles terão uma boa chance de sucesso".

O YS-11 foi um turboélice fabricado pela Nihon Aircraft Manufacturing, um consórcio de fabricantes que incluía a Mitsubishi Heavy Industries, proprietária da Mitsubishi Aircraft, a Kawasaki Heavy Industries e a Fuji Heavy Industries. Apenas 182 unidades do avião foram vendidas.

Projeto de Estado

A Nihon Aircraft paralisou a linha de produção do YS-11 em 1974 após um pouco mais de uma década. A empresa foi dissolvida em 1983 após dívidas de cerca de 36 bilhões de ienes (US$ 297 milhões), segundo o jornal Asahi Shimbun.

"O YS-11 era uma espécie de projeto de Estado e um dos motivos pelos quais fracassou é que ficou totalmente fora de controle no tocante ao orçamento", disse Geoff Tudor, analista principal da Japan Aviation Management Research, que trabalha no setor aéreo há mais de quatro décadas. "A liderança também foi um problema, assim como a manutenção e o suporte pós-venda".

Desta vez, a Mitsubishi Aircraft está liderando o projeto e negociou um acordo com a Boeing por meio do qual a fabricante de aeronaves com sede em Chicago ajudará nas atividades de marketing, desenvolvimento e pós-venda.

Acelerando a produção

Neste mês, a empresa japonesa abriu um centro de engenharia em Seattle que empregará 150 engenheiros, incluindo cerca de 50 enviados do Japão, para ter acesso a conhecimentos profissionais sobre o desenvolvimento de aeronaves e acelerar a produção do MRJ.

A Mitsubishi Aircraft também abriu centros de vendas nos EUA e na Europa. Até o momento, a empresa recebeu 407 encomendas pelo MRJ, incluindo 184 opções e direitos de compra.

A Mitsubishi Aircraft ainda precisa trabalhar na expansão de sua base de clientes e garantir que poderá gerenciar qualquer problema que possa vir a ter, disse Richard Aboulafia, vice-presidente da Teal Group, uma consultoria com sede em Fairfax, Virgínia, nos EUA.

Três atrasos

A Mitsubishi Aircraft recebeu encomendas das duas maiores empresas aéreas do Japão, a ANA Holdings e a Japan Airlines. Suas maiores encomendas são da SkyWest e da Trans States Airlines, na América do Norte.

A entrega do MRJ foi atrasada três vezes e o avião agora tem programação de entrega à ANA em 2017, um atraso de quase quatro anos. O avião virá em modelos com 78 ou 92 assentos, sendo que o maior será lançado primeiro.

A brasileira Embraer também tem se mostrado ativa, atualizando seus jatos com novos motores para tirar vantagem da demanda crescente.

Embraer investe em mercado de jatos