Produção industrial cai inesperadamente na Alemanha diante de surgimento de riscos

(Bloomberg) - A produção industrial da Alemanha declinou inesperadamente em agosto, sinalizando que a maior economia da Europa está vulnerável a vários riscos, como o crescimento mais fraco nos mercados emergentes.

Ajustada pelas oscilações sazonais e pela inflação, a produção caiu 1,2 por cento em agosto depois de uma alta revisada de 1,2 por cento em julho, mostraram dados do Ministério da Economia em Berlim nesta quarta-feira. A leitura, que tende a ser volátil, se compara com uma média de estimativas de um ganho de 0,2 por cento em uma pesquisa com economistas feita pela Bloomberg. Na Espanha, a produção industrial caiu 1,4 por cento, o maior declínio em mais de dois anos.

A Alemanha está se debatendo com a desaceleração na China e em outros mercados emergentes, que têm sido destinos fundamentais para suas exportações. Como as encomendas às fábricas de países de fora da zona do euro, de 19 países-membros, caíram mais de 13 por cento em julho e agosto combinados, o foco está passando para o fortalecimento do gasto doméstico, alimentado pela demanda reprimida por investimentos e pelo consumo.

"Nos últimos dois meses, a rede de segurança de estoques baixos e livros de pedidos cheios para a indústria tem ficado mais frágil", disse Carsten Brzeski, economista-chefe do ING-Diba AG em Frankfurt. "De algum modo, o euro fraco e as condições extremamente favoráveis de financiamento ainda não levaram todo seu impacto para a economia".

A moeda comum quase não mudou depois do relatório e era negociada a US$ 1,1265 às 8h15, horário de Frankfurt. O euro se depreciou mais de 11 por cento nos últimos doze meses.

Na segunda-feira, a Hamburger Hafen und Logistik AG, que processa cerca de três de cada quatro contêineres no porto de Hamburgo, reduziu sua previsão de lucros para 2015 devido ao declínio do volume de contêineres. A Secretaria Federal de Estatística publicará os dados sobre o comércio de agosto na quinta-feira.

Férias escolares

A produção industrial caiu 1,1 por cento em agosto em meio a um declínio de 2,1 por cento na produção de bens de investimento, segundo o relatório. A construção e a produção de energia também diminuíram. A maior parte da queda na produção pode ser atribuída ao calendário de férias escolares, disse o Ministério da Economia, acrescentando que a confiança das empresas apoiará uma tendência moderadamente positiva na fabricação industrial. A produção industrial avançou 2,3 por cento em relação a um ano atrás.

Na Espanha, a produção caiu em agosto ao ritmo mais rápido desde abril de 2013, disse o Instituto Nacional de Estatística nesta quarta-feira. A quarta maior economia da zona do euro pode ter perdido impulso no terceiro trimestre, segundo o Banco da Espanha. A instituição com sede em Madri estima que o crescimento tenha desacelerado de 1 por cento no período anterior para 0,8 por cento.

A produção alemã poderia sofrer pelas trapaças da Volkswagen AG nos testes de emissões nos próximos meses. A notícia do escândalo foi divulgada no mês passado e não se refletiu no relatório desta quarta-feira.

Ao mesmo tempo, o aumento gradual dos investimentos na zona do euro deveria reforçar a indústria alemã. O crescimento econômico na região acelerará de 0,4 por cento no trimestre passado para 0,5 por cento neste trimestre, segundo previsões atualizadas feitas pelo instituto Ifo da Alemanha, publicaram na terça-feira a secretaria nacional de estatística da França, a Insee, e a agência de estatísticas da Itália, a Istat.

Um maior estímulo extraordinário do Banco Central Europeu também poderia ser uma bênção se conseguir empurrar o euro para baixo, tornando os produtos alemães mais competitivos. O banco central com sede em Frankfurt publicará o relato da sua reunião mais recente sobre política econômica no dia 8 de outubro. O relatório será analisado minuciosamente pelos investidores em busca de sinais de se a flexibilização quantitativa poderia ser corrigida.

Título em inglês: 'German Industrial Output Unexpectedly Falls as Risks Emerge (2)'

Para entrar em contato com os repórteres: Catherine Bosley, em Zurique, cbosley1@bloomberg.net; Alessandro Speciale, em Frankfurt, aspeciale@bloomberg.net