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Macri precisa resolver grandes desafios para impulsionar títulos

Carolina Millan

24/11/2015 16h01

(Bloomberg) -- A vitória de Mauricio Macri nas eleições presidenciais argentinas tem o potencial para recompensar os investidores em tudo, de títulos do governo a serviços da dívida de uma forma importante.

Mas para que esses lucros se tornem realidade, ele terá que enfrentar alguns desafios importantes.

Macri, que ganhou com 51,4% dos votos no segundo turno de domingo, terá que desfazer 12 anos de domínio da família Kirchner que deixou a Argentina atolada em uma disputa legal com credores e sofrendo com uma inflação galopante. Aqui apresentamos o que UBS Wealth Management, Callaway Capital Management e M&G Investments dizem que Macri terá que fazer antes que os investidores possam colher o grande prêmio.

1. Títulos do governo

As notas da Argentina com vencimento em 2033 cresceram apenas 0,4 centavo na segunda-feira, chegando a 114,3 centavos de dólar. O ganho modesto sugere que os investidores estão esperando para ver quais passos Macri vai tomar para resolver as disputas com os credores descontentes, liderados pelo bilionário gestor de fundos hedge Paul Singer, disse Alejo Czerwonko, estrategista da UBS Wealth Management. No ano passado, a recusa da presidente Cristina Kirchner de cumprir uma decisão de um tribunal dos EUA exigindo que a Argentina pagasse os detentores de bônus levou ao segundo calote do país em 13 anos.

"Ele deve começar a negociar com os detentores de bônus quase imediatamente após assumir o cargo", disse Czerwonko de Nova York. "Esperamos que o país faça importantes progressos para acabar com sérios litígios com credores detentores de bônus nos próximos seis meses. Vai ser difícil estabelecer os tempos, mas qualquer anúncio de medidas concretas para resolver o problema com os detentores de bônus deve ser positivo para o crédito".

2. Títulos de utilidade pública 

As notas da Empresa Distribuidora y Comercializadora Norte SA com vencimento em 2022 lideraram os ganhos entre as empresas de energia na segunda- feira. Daniel Freifeld, sócio da Callaway Capital Management, disse que se Macri cumprir sua promessa de cortar subsídios para consumidores que podem pagar os preços normais, as empresas de serviços públicos da Argentina vão se tornar mais rentáveis. Ele recomenda comprar os títulos e ações emitidos pelas empresas de energia do país.

Completando a reforma nos subsídios e aumentos das tarifas, "as avaliações devem aumentar com o surgimento de um caminho para a lucratividade", disse Freifeld de Washington. "A viabilidade das empresas iria melhorar, permitindo que reinvestissem, amortizassem dívidas, pedissem emprestado dinheiro novo, etc. Este setor com frutos mais baixos na Argentina".

3. Títulos de Buenos Aires

Claudia Calich, gerente de recursos na M&G Investments, que administra US$ 1 bilhão de dívidas de mercados emergentes incluindo bonds de Buenos Aires disse que a província está pronta para se beneficiar dos laços entre Macri e a governadora eleita Maria Eugenia Vidal, pois isso pode promover a aprovação mais rápida de financiamento para Buenos Aires. Apesar da capital produzir quase 38% da arrecadação tributária do país, só recebe cerca de 20% do governo em retorno, de acordo com o economista do Goldman Sachs, Mauro Roca. A província poderia receber uma parcela maior das transferências do governo federal no governo Macri, acrescentou.

Vidal tem laços estreitos com Macri pois foi sua vice quando ele era o prefeito de Buenos Aires.

"Eu preferiria estar na província pois a ligação e a sinergia entre Vidal e Macri são muito próximas", disse Calich de Londres.