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Queda das commodities acabará com era da mineração diversificada

David Stringer

26/11/2015 15h21

(Bloomberg) - A era da companhia mineradora diversificada com um conjunto global de ativos e commodities heterogêneos parece já não ser mais útil, segundo a Rio Tinto Group.

A pior corrida para venda das commodities em uma geração expôs a fraqueza de um modelo de carteira que serviu a indústria durante décadas, disse Jean-Sébastien Jacques, CEO da Rio para o cobre e o carvão, na quinta-feira no Bloomberg Address em Sydney. A empresa é a segunda maior companhia mineradora do mundo.

"A diversificação não necessariamente foi uma cobertura contra épocas ruins, como muitos tinham pensado", disse Jacques. "De algum modo, essas empresas que agora têm carteiras menos diversificadas estão tendo um melhor desempenho, desde que administrem ativos do Tier 1".

Após o colapso neste ano, a BHP Billiton Ltd., a maior companhia mineradora do mundo, realizou a maior separação do setor em quase uma década para se concentrar na sua estratégia de Quatro Pilares: minério de ferro, petróleo, cobre e carvão. A Rio está definindo o foco em volta de operações fundamentais como o minério de ferro, o cobre e a bauxita, pois o afundamento dos preços das commodities está corroendo os possíveis benefícios de ter uma carteira abrangente, disse Jacques.

Minério de ferro

O minério de ferro, concentrado em minas na região de Pilbara, no estado de Austrália Ocidental, e o cobre responderam por mais de dois terços dos lucros da Rio no primeiro semestre de 2015, segundo dados compilados pela Bloomberg. A bauxita e a alumina geraram 9 por cento da receita, segundo fatos relevantes da Rio.

"Há cinco ou dez anos, as pessoas diziam 'estejamos diversificados porque os diferentes ciclos serão diferentes e então um compensará o outro", disse Jacques durante uma sessão de perguntas e respostas. "A verdade hoje é que analisando todos os preços das commodities, talvez com a exceção do ouro, todas elas caíram ao mesmo tempo, mais ou menos dentro de um período de doze a dezoito meses".

O desmoronamento dos preços das commodities, que estão prestes a registrar sua quinta perda anual consecutiva, obrigou os produtores a priorizar só as áreas mais lucrativas, provocando vendas de ativos e separações. A Rio vendeu ativos pelo valor de US$ 4,5 bilhões desde 2013, a Anglo American Plc vendeu operações como duas minas de cobre no Chile e a BHP separou doze ativos da Austrália, do sul da África e da América do Sul em uma nova empresa, a South32 Ltd., criando a maior produtora de minério de manganês e operadora da maior mina de prata.

Foco

Concentrar-se em um segmento de produtos fundamentais provavelmente constitui uma melhor estratégia para as maiores companhias mineradoras em meio à demanda fraca nos mercados de commodities, disse David Lennox, analista da Fat Prophets, em entrevista por telefone de Sydney.

A Rio, que diminuiu o dispêndio de capital do pico de US$ 17 bilhões atingido em 2012 para cerca de US$ 5,5 bilhões, disse que está considerando investimentos como a mina de minério de ferro Silvergrass na Austrália, de US$ 1 bilhão, e a mina de bauxita South of Embley, no norte do estado australiano de Queensland, de 1,4 bilhão de dólares australianos (US$ 1 bilhão). Nesta semana, o CEO Sam Walsh visitou o local da Embley.

"Se você tiver uma carteira com ativos do Tier 1 de baixo custo, realmente não importa em quais commodities você está", disse Jacques. "O que importa muito é a qualidade dos ativos".

Título em inglês: 'Commodities Rout Seen Ending the Era of Diversified Mega Miners'

Para entrar em contato com o repórter:

David Stringer, em Melbourne, dstringer3@bloomberg.net