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FMI inclui yuan em cesta moeda de reserva após rejeição em 2010

Wu Hong/Efe
Imagem: Wu Hong/Efe

Andrew Mayeda

01/12/2015 12h21Atualizada em 04/12/2015 18h57

(Bloomberg) -- O FMI adicionará o yuan à sua cesta de moedas de reserva, um selo de aprovação internacional dos avanços alcançados pela China para integrar-se a um sistema econômico global dominado durante décadas pelos EUA, Europa e Japão.

O conselho executivo do Fundo Monetário Internacional, que representa as 188 nações-membro do fundo, decidiu que o yuan cumpre a condição de ser "livremente utilizável" e por isso se unirá ao dólar, ao euro, à libra e ao iene em sua cesta Direito Especial de Saque (DES), disse a organização na segunda-feira em um comunicado.

A aprovação era esperada depois que a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, anunciou em 13 de novembro que sua equipe havia recomendado a inclusão, uma posição respaldada por ela.

Esta é a primeira mudança na composição cambial do DES desde 1999, quando o euro substituiu o marco alemão e o franco francês.

Trata-se também de um símbolo das décadas de ascensão em direção à credibilidade internacional do yuan, que foi criado após a Segunda Guerra Mundial e durante anos pôde ser usado apenas domesticamente no país de controle comunista.

O FMI reavalia a composição da cesta a cada cinco anos e rejeitou o yuan na última revisão, em 2010, dizendo que a moeda não cumpria os critérios necessários.

"A inclusão do renminbi no DES é uma clara indicação das reformas que foram e continuarão sendo implementadas e é uma representação clara e mais forte da economia global", disse Lagarde na segunda-feira em entrevista coletiva na sede do FMI em Washington. Renminbi é o nome oficial em mandarim e significa "a moeda do povo"; yuan é a unidade.

A adição entrará em vigor em 1º de outubro de 2016 e o yuan terá um peso de 10,92% na cesta, disse o FMI. O peso do dólar será de 41,73%, 30,93% do euro, 8,33% do iene e 8,09% da libra esterlina. O dólar atualmente responde por 41,9% da cesta, contra 37,4% do euro, 11,3% da libra e 9,4% do iene.

O yuan perdeu força na negociação offshore nesta terça-feira em meio à especulação de que o banco central da China freará a intervenção agora que a votação do FMI sobre o status de moeda de reserva está fora do caminho.

O objetivo a longo prazo é de poucas intervenções, disse o vice-presidente do Banco Popular da China, Yi Gang, em uma entrevista coletiva de imprensa, acrescentando que as flutuações maiores nas duas direções serão normais.

Em um relatório preliminar, em julho, a equipe do FMI estimou que o yuan teria um peso de 14% a 16%. O peso afetará os juros que os países pagarão quando tomarem empréstimos do FMI. E poderá afetar também a escala de entradas de recursos que a moeda chinesa receberá nos próximos meses.

Sistema monetário

A decisão estabelece o yuan como uma peça do próprio sistema monetário internacional que as autoridades chinesas criticaram após a crise financeira global. Em um discurso histórico, em 2009, o presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, argumentou que um sistema global tão dependente de uma única moeda -- o dólar americano -- estava inerentemente propenso a choques. Essa convicção detonou um esforço global dos líderes da China, inclusive do atual presidente Xi Jinping, para que o yuan fosse incluído no DES, cesta que os países utilizam para abastecer suas reservas cambiais.

A recomendação da equipe do FMI foi baseada no aumento do uso e da negociação internacional do yuan, em reformas nas políticas que permitiram que o yuan fosse usado sem problemas em operações DES e nas medidas da China para ampliar a divulgação de dados, disse o fundo.

"É uma grande vitória para Pequim, já que eles buscam reforçar sua imagem e ganhar o respeito que acreditam que merecem", disse Timothy Adams, presidente do Instituto de Finanças Internacionais e ex-subsecretário do Tesouro dos EUA.