IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Colapso do peso guia juros e reduz importância do Fed no México

Eric Martin

10/02/2016 09h30

(Bloomberg) -- O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está perdendo importância no México.

Nos últimos 12 meses, investidores e economistas previram que os banqueiros centrais do país latino-americano elevariam os juros sempre que seus pares dos EUA o fizessem.

De fato, foi justamente o que o México fez em dezembro quando buscou preservar sua vantagem na taxa de juros em relação aos EUA e evitar uma possível saída de investidores estrangeiros.

Mas a queda do peso mexicano -- a maior entre as principais moedas do mundo neste ano -- está forçando muitos a reconsiderarem.

Apesar de a turbulência nos mercados financeiros internacionais estar impulsionando apostas de que o Fed paralisará os aumentos nos juros, o tumulto está na verdade aumentando as probabilidades de custos de empréstimos mais altos no México, porque a desvalorização do peso ameaça estimular a inflação na segunda maior economia da América Latina.

"Se a negociação de pesos for ruim, o banco central provavelmente aumentará os juros independentemente do que o Fed fizer", disse Alonso Cervera, economista-chefe do Credit Suisse Group para a América Latina, da Cidade do México.

Ele disse que o Banco do México poderá elevar os juros já no mês que vem. Ricardo Medina, porta-voz do banco central, preferiu não comentar as expectativas para a política monetária.

O banco central, liderado pelo presidente Agustín Carstens, manteve a taxa de referência overnight em 3,25% na semana passada, dizendo em seu comunicado que dará uma atenção especial ao peso e sinalizando que a moeda poderá, agora, ser mais importante para determinar os juros do que as decisões do Fed.

O peso caiu 8,5% em relação ao dólar neste ano e atingiu uma baixa recorde na terça-feira.

Leilões de dólares

No mês passado, a comissão cambial do país, que inclui autoridades do banco central e do ministério das finanças, estendeu os leilões diários de dólares até março para respaldar a moeda.

Os swaps de taxas de juros mostram que os investidores estão apostando que o Banco do México elevará sua taxa básica em 0,6 ponto percentual até dezembro, contra apostas de 0,74 ponto percentual no fim do ano passado.

"Este é um banco central que está ficando cada vez mais apreensivo em relação à moeda", disse Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs Group para a América Latina, de Nova York. "Se quiserem subir as taxas, eles o farão independentemente do que o Fed fizer".