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Mercado imóveis de luxo em Londres tem juro alto, queda demanda

Jack Sidders

29/03/2016 12h56

(Bloomberg) -- Os bancos estão cobrando taxas de juros mais altas para a concessão de empréstimos para construção de residências de luxo em Londres em um momento em que a queda dos preços das commodities e o aumento dos impostos detêm as compras por estrangeiros, aumentando a preocupação quanto a um possível excesso de oferta no mercado.

O financiamento para dívidas de construção das residências mais caras aumentaram em cerca de 75 pontos-base, para 3,75 pontos percentuais, ficando acima das taxas de referência desde janeiro, disse Randeesh Sandhu, CEO do banco de desenvolvimento residencial Urban Exposure Real Estate. No caso dos grandes projetos na região central de Londres, nos últimos seis meses os custos de financiamento tiveram o maior aumento desde 2012, disse William Newsom, diretor sênior da corretora Savills. Um ponto-base é o mesmo que 0,01 ponto percentual.

"Todos estão enlouquecendo", disse Sandhu, cuja empresa emprestou cerca de 1 bilhão de libras (US$ 1,4 bilhão) a construtoras, em entrevista. "Houve nervosismo por um tempo no mercado super prime e agora também há nervosismo no prime".

As empresas estão construindo ou planejam edificar cerca de 54.000 residências na região central de Londres, segundo dados compilados pela empresa de pesquisas Lonres no ano passado, em um momento de queda da demanda e dos valores. Os preços das residências nos melhores distritos da capital do Reino Unido tiveram a maior queda desde junho de 2009 no período de seis meses até fevereiro, segundo a corretora Knight Frank, em um momento em que os impostos sobre as vendas e a turbulência nos mercados financeiros detiveram os compradores. O imposto chamado "stamp duty" aplicado a uma residência de 7,5 milhões de libras usada como segundo lar é, agora, de mais de 1 milhão de libras.

'De joelhos'

O mercado de vendas de residências avaliadas em 2.500 libras por metro quadrado ou mais "está de joelhos", disse Mark Posniak, diretor-gerente da Dragonfly Property Finance, uma empresa financeira que adiantou quase 2 bilhões de libras a mutuários de 2008 para cá. "Quando se começa a falar em stamp duty de mais de 1 milhão de libras para uma propriedade, isso prejudica o mercado".

A Dragonfly agora está evitando financiar a construção de residências de luxo maiores e mais caras, disse Posniak em entrevista por telefone. Também reduziu o montante emprestado para a construção de residências de luxo de cerca de 85 por cento para 80 por cento, disse ele.

A Pluto Finance (UK), financeira especializada em elevadas razões empréstimo-valor e apoiada por fundos gerenciados pela Blackstone, evita a concessão de crédito para projetos na região central de Londres desde 2013 devido ao temor de excesso de oferta e da dependência do mercado em relação aos compradores do exterior, disse o cofundador Justin Faiz em entrevista por telefone.

Ameaça do 'Brexit'

"Os principais bancos parecem estar muito cautelosos e eu acho que com o 'Brexit' no horizonte ninguém quer empurrar o barco longe demais", disse Posniak, da Dragonfly, em referência ao referendo de junho do Reino Unido sobre a saída do bloco político da União Europeia.

Os valores dos terrenos nos melhores distritos da região central de Londres caíram 0,2 por cento no ano passado, contrastando com um ganho de 24 por cento em 2014, segundo a Knight Frank. As vendas de residências em construção na capital do Reino Unido caíram 19 por cento, para cerca de 5.216 no quarto trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, mostram dados compilados pela empresa de pesquisas Molior London.

Alguns bancos britânicos têm um apetite reduzido por créditos para construção porque são obrigados a manter um montante de capital significativamente maior contra esse tipo de crédito na comparação com propriedades de investimento, disse Ion Fletcher, diretor de políticas financeiras da Federação Britânica de Propriedades.

Título em inglês: Lenders 'Freak Out' at London Luxury-Home Woes, Hike Charges

Para entrar em contato com o repórter: Jack Sidders em Londres, jsidders@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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