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Negócios com commodities chinesas caem após farra de US$ 261 bi

Bloomberg News

28/04/2016 15h16

(Bloomberg) -- Os investidores que negociaram US$ 261 bilhões em commodities chinesas em um único dia na semana passada estão recuando porque os reguladores se preparam para intensificar o controle do mercado.

O valor dos futuros negociados nas três maiores bolsas de commodities da China encolheu 39% desde que os investidores gastaram 1,7 trilhão de yuans na última quinta-feira em diversos produtos, de barras de aço a ovos. A quantia que mudou de mãos foi igual a todo o mercado de ações dos EUA no mesmo dia.

Os mercados no maior consumidor mundial de matérias-primas foram tomados por um frenesi de negociação que atraiu comparações com a recuperação da bolsa puxada pelo crédito no ano passado que precedeu uma queda de US$ 5 trilhões. As bolsas responderam aumentando as margens e as tarifas das transações para restringir a especulação e o regulador de títulos teria preparado medidas para limitar as flutuações de preços.

"Eles iniciaram essa torrente de movimentos de regulação para combater a especulação, mas o impacto a longo prazo sobre este mercado é incerto", disse Fan Qingtian, analista da Nanhua Futures, em entrevista por telefone de Hangzhou. "O impacto de curto prazo é que muitos investidores que ficaram no meio estão tentando sair de suas posições".

O valor das transações em contratos na Bolsa de Commodities de Dalian, Bolsa de Futuros de Xangai e Bolsa de Commodities de Zhengzhou caiu para cerca de 1 trilhão de yuans na quarta-feira, quando cerca de 26 milhões de contratos foram negociados, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Isso ainda está acima dos níveis de um ano atrás, quando 16,7 milhões de contratos trocaram de mãos no valor de 718 bilhões de yuans.

Reguladores prontos

Reguladores, como a China Securities Regulatory Commission, estão agora prontos para limitar as flutuações de preços nos mercados futuros de commodities se houver mais volatilidade anormal, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

As autoridades estão preocupadas com que as oscilações possam representar riscos para o mercado e também incentivar empresas em setores com oferta abundante, como o aço, a reiniciar a produção ociosa, o que prejudicaria as tentativas do país de reduzir o excesso de capacidade industrial, de acordo com as fontes, que pediram o anonimato porque a informação não é pública. A CSRC não respondeu a um pedido de comentários enviado por fax.

A China Futures Association pediu, na quinta-feira, um controle de riscos mais forte em meio à volatilidade do mercado e ao aumento do número de novos investidores. A Bolsa de Commodities de Dalian disse ontem à noite que pretendia reduzir a especulação excessiva sobre os contratos futuros de coque e de carvão de coque.

Esfriamento dos preços

O Goldman Sachs manifestou preocupação com o aumento da negociação especulativa de minério de ferro, dizendo que os volumes diários são agora tão grandes que às vezes superam as importações anuais. O equivalente a 41 milhões fardos de algodão foi negociado em Zhengzhou na sexta-feira, o maior volume em mais de cinco anos.

Os investidores da China se concentram nas matérias-primas em meio aos sinais de recuperação da demanda depois que os responsáveis pelas políticas fomentaram o crescimento e aumentaram o estímulo e após a recuperação do mercado imobiliário.

Como a negociação agora está esfriando, o mesmo acontece com os preços. A barra de aço de reforço em Xangai caiu 7,7% depois de um avanço de 20 por cento em quatro dias até 21 de abril, quando atingiu o pico desde setembro de 2014 em meio à negociação mais forte da história. Os preços do algodão também caíram mais de 7% em relação ao pico da semana passada.

"Algumas pessoas estão até questionando a premissa desses movimentos regulatórios", disse Fan, da Nanhua. "A recuperação dos preços do aço, por exemplo, não foi impulsionada somente pela especulação, ela foi apoiada por forças fundamentais reais de redução da oferta e aumento da demanda".