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Bancos dos EUA estudam cortar risco de empréstimos online, dizem fontes

Matt Scully

25/05/2016 15h16

(Bloomberg) -- Alguns dos maiores bancos de Wall Street estão traçando planos de contingência para reduzir sua exposição aos empréstimos online ao consumidor se o mercado piorar mais depois da crise recente na LendingClub, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

Embora firmas como o Credit Suisse e o Deutsche Bank não tenham reduzido a exposição, elas estão preocupadas com o financiamento que oferecem a investidores institucionais que compram empréstimos de empresas como LendingClub e Prosper Marketplace, disseram as pessoas. Advogados do setor estimam que os bancos tenham financiado alguns bilhões de dólares em empréstimos online para investidores através dessas linhas de crédito. Os credores de Wall Street querem evitar os erros cometidos na chamada crise do subprime, quando demoraram demais para restringir sua exposição aos empréstimos hipotecários de liquidação duvidosa.

Advogados especializados nesses financiamentos e comitês de risco dos bancos estão analisando como podem reduzir, renegociar ou até cancelar acordos de financiamento com investidores, disseram as pessoas. Os bancos querem ter planos prontos caso decidam reduzir posteriormente, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque esses planos não são públicos.

Um porta-voz da LendingClub disse que a empresa está conversando com outros bancos sobre sua oferta de financiamento e não sabe de nenhum banco que esteja recusando conceder financiamento a seus empréstimos. Porta-vozes dos bancos preferiram não comentar.

Evitar problema

As discussões surgiram depois da surpreendente saída de Renaud Laplanche, fundador e CEO da LendingClub, há duas semanas. As ações da empresa caíram mais de 35 por cento desde então. A empresa afirmou ter encontrado deficiências em seus controles internos. Ela enfrenta uma intimação do Departamento de Justiça dos EUA, e os investidores que concedem uma parcela significativa de seu financiamento interromperam as compras de seus empréstimos.

Os bancos estão muito mais sensíveis agora quanto a limitar sua exposição ao empréstimo de risco e a fazer reduções em qualquer linha de negócios que possa prejudicar a reputação deles do que estavam antes da crise financeira. Para os investidores, isso poderia significar que os bancos vão cortar crédito para os consumidores mesmo que o desempenho dos empréstimos não tenha piorado significativamente, disse Rob Allard, que anteriormente trabalhou com instrumentos complexos de dívida no Goldman Sachs e no Deutsche Bank.

"Os bancos querem evitar esse problema", disse Allard, que dirige a FireBreak Capital, um hedge fund focado em empréstimos.

As firmas de Wall Street estão particularmente preocupadas com o financiamento de curto prazo que concedem a investidores para ajudá-los a comprar empréstimos online que costumam ser reunidos rapidamente em títulos e vendidos a outros gestores de fundos, disseram as pessoas com conhecimento do assunto. Essa forma de financiamento desencadeou bilhões de dólares em prejuízos para os bancos durante a crise do subprime.

Aproximadamente a partir de 2007, as empresas hipotecárias que planejavam reunir seus empréstimos em títulos descobriram que os investidores não comprariam suas notas. As empresas não puderam pagar o financiamento de curto prazo obtido com os bancos que financiaram seus empréstimos hipotecários.

Um problema similar poderia ocorrer se os investidores deixarem de comprar os empréstimos online e os títulos garantidos por eles, disse Richard Kelly, diretor administrativo da New Oak Capital Markets, uma empresa de assessoria com sede em Nova York.