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Fim da febre de apartamentos em Miami gera aumento da oferta

Reprodução/best-beaches
Imagem: Reprodução/best-beaches

Prashant Gopal

27/05/2016 12h45

(Bloomberg) -- Está aberta a safra de novas torres habitacionais de Miami, construídas com grandes depósitos de compradores latino-americanos e muita pompa de marketing. Mas muitos proprietários estão fugindo.

Um terço das unidades em alguns dos arranha-céus recém-construídos voltou ao mercado, embora a maioria esteja sendo oferecida por mais do que os proprietários haviam pago antes da construção.

No ritmo atual de vendas, demoraria 29 meses para que fossem vendidos os 3.397 apartamentos disponíveis na região central, de acordo com CraneSpotters.com, empresa que monitora incorporações do sul da Flórida.

Com o dólar forte, os investidores sul-americanos que entraram de cabeça no mercado do centro de Miami depois da crise imobiliária agora estão tentando se desfazer dos apartamentos recém-comprados, o que aumenta a oferta em uma região onde 8.000 unidades estão em obras e nove torres foram construídas desde o fim de 2013.

Alguns estão oferecendo apartamentos com prejuízo porque a demanda está esfriando. As compras de unidades de janeiro a abril caíram 25% em relação ao ano anterior, mostram dados da CraneSpotters.

"O problema é que os investidores já não estão comprando e agora vão tentar vender", disse Jack McCabe, consultor habitacional em Deerfield Beach, na Flórida. "E quais compradores vão substitui-los senão os compradores abutres em busca de ofertas?".

Preços mais baixos

Os investidores têm muito mais em jogo do que os especuladores que abandonaram as transações na crise da década passada e deixaram o mercado com milhares de casas sem vender.

No último "boom" da construção, os projetos exigiram depósitos de dinheiro de até 60%, e os contratos tinham penas duras para o cancelamento.

Como os proprietários de apartamentos nas torres novas assinaram contratos no decorrer de dois anos, é difícil saber quantos realizaram a compra a preços acima dos valores atuais, disse William Hardin, professor de finanças e mercado imobiliário na Universidade Internacional da Flórida em Miami.

"Quem comprou no início provavelmente está abaixo do patamar atual do mercado, mas algumas pessoas compraram depois, a preços mais elevados", disse ele.

Paciência

Após diversas reduções de preço, um proprietário brasileiro na nova torre Icon Bay, da Related Group, está oferecendo seu apartamento de dois quartos por US$ 539 mil, 7% a menos do que ele pagou em julho. Agora, essa é uma das cem ofertas no edifício de 299 unidades.

"Agora somos a unidade mais acessível na Icon", disse o agente de listagem Anthony Giuffrida, da Elite International Realty. "Para vender rapidamente você precisa oferecer o preço certo".

Os vendedores precisarão ter paciência porque o pior momento para vender é imediatamente depois da abertura de um edifício, especialmente nos chamados projetos "decorator-ready", em que os proprietários precisam colocar os pisos e acabamentos e "os elevadores são usados excessivamente, há tráfego de obra, etc.", disse Jorge Pérez, fundador da Related Group, que tem sede em Miami e é uma das incorporadoras mais produtiva do sul da Flórida.

Até agora, apenas dois proprietários da Icon Bay venderam unidades sem lucrar, provavelmente devido a circunstâncias financeiras pessoais, disse ele.