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Com fuzilamento do Fed, ouro perde US$ 100 no mês e dólar sobe

Sharon Cho e James Poole

30/05/2016 08h52

(Bloomberg) -- O ouro está nas cordas. O lingote ficou abaixo de US$ 1.200 a onça na segunda-feira (30) após perder mais de US$ 100 menos de um mês depois que a cúpula do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deu um soco atrás do outro promovendo as perspectivas de aumento da taxa de juros dos EUA e revigorando o dólar.

O lingote para entrega imediata chegou a cair 1%, para US$ 1.199,80 a onça, nível mais baixo desde 17 de fevereiro, e era negociado a US$ 1.205,15 às 17h06 em Cingapura, segundo a precificação da Bloomberg.

Com muitos investidores britânicos e americanos fora de suas mesas de operação devido a feriados, os preços, que em 2 de maio atingiram US$ 1.303,82, o pico de 15 meses, agora estão em queda pelo nono dia seguido, igualando a pior sequência de perdas diárias da história, segundo dados da Bloomberg.

O metal precioso se dirige ao maior declínio mensal desde junho de 2013 depois que a presidente do Fed, Janet Yellen, reafirmou na sexta-feira o que uma série de integrantes da cúpula do banco central americano já havia dito no início da semana passada: que com as evidências de solidez da economia dos EUA agora é possível considerar uma política mais estrita.

O UBS Group alertou na quinta-feira que o ouro "vai inverter o curso" com duas altas do Fed antes do fim do ano. As posições em ativos negociados em bolsa estavam ligeiramente mais baixas na semana passada após se expandirem por quatro semanas seguidas.

"O principal risco para mim agora não é eles subirem os juros uma vez, mas na verdade é eles subirem duas vezes: como empresa, acreditamos que eles subirão duas vezes, em setembro e dezembro", disse Wayne Gordon, diretor-executivo para commodities e câmbio da UBS Wealth Management, em entrevista em Cingapura na segunda-feira.

"Para mim, tudo se resume às informações que estão chegando."

A queda reduziu o ganho do lingote em 2016 a 14 por cento, contra mais de 20 por cento no início do mês, porque as autoridades do Fed aprofundaram os argumentos em prol da fixação de juros mais altos.

Antes das declarações de Yellen, autoridades do banco central, incluindo os presidentes dos Fed regionais de São Francisco, Boston e Filadélfia, apoiaram juros mais elevados.

Apostas na alta

As apostas em uma alta continuam em 30% para junho e as probabilidades de elevação em julho são de pouco mais de 50% depois que dados divulgados na sexta-feira mostraram que o crescimento dos EUA teve uma aceleração maior que a prevista no primeiro trimestre. O índice do dólar à vista subiu 0,3% nesta segunda-feira, atingindo o nível mais alto desde março.

Os hedge funds deram uma pausa no ouro antes dos comentários de Yellen de sexta-feira. A posição comprada em futuros e opções caiu 26%, para 169.491 contratos, na semana até 24 de maio, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA divulgados três dias depois.

Os juros mais altos reduzem o apelo de ativos sem incidência de juros como o ouro e fortalecem o dólar, tornando as commodities mais caras em outras moedas. Entre os dados dos EUA com divulgação prevista para esta semana, os investidores avaliarão dados do mercado de trabalho de maio, que deverão sair na sexta-feira.