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Saída de Reino Unido da UE pode ser positiva para libra

Isobel Finkel

08/06/2016 14h39

(Bloomberg) -- A Brexit é "o evento de risco mais significativo do ano", mas poderia acabar fazendo com que a libra se valorize, segundo o Barclays.

Essa projeção aparentemente perversa não implica que os estrategistas da empresa não estejam vendo as incertezas que ajudaram a perturbar os mercados britânicos e elevaram a volatilidade implícita sobre a libra além do maior patamar em sete anos.

A explicação é que, na eventualidade de uma votação pela saída da UE em 23 de junho, eles preveem que os riscos para o país logo serão suplantados pelos riscos para o restante do continente --riscos que, diferentemente da autoinfligida votação da Brexit, ainda precisam ser completamente absorvidos pelos mercados.

Com eleições programadas na França, Alemanha, Espanha e Holanda nos próximos 12 meses, uma eventual decisão pela saída instigaria algumas das economias mais ricas da Europa a reconsiderarem sua relação com o bloco e, com isso, a libra poderia em breve acabar se recuperando em relação ao euro à medida que a insatisfação com o mercado comum se propagar.

"Embora talvez desvalorize menos que a libra após a votação, a saída do Reino Unido da UE provavelmente terá mais consequências políticas e institucionais para o restante da Europa do que para o Reino Unido, na nossa visão", escrevem os analistas, liderados por Marvin Barth. Após a votação, com o foco voltando-se para a ameaça à união monetária, "o Reino Unido começa a parecer um 'porto seguro' dentro da Europa", disseram eles.

O Barclays prevê que o euro se fortalecerá em relação à libra apenas no trimestre do referendo. Depois disso, a libra terá um desempenho superior ao do euro à medida que o precedente do Reino Unido se espalhar pelo continente de formas difíceis de prever.

O relatório surge logo depois do Pew Research Center ter publicado uma pesquisa mostrando que a hostilidade em relação à União Europeia está crescendo entre seus estados-membros. Atualmente, menos da metade da população da França e da Espanha tem uma visão favorável em relação ao bloco, assim como ocorre no Reino Unido.