IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Presidente da Embraer sai de surpresa e chefe comercial assume

Divulgação/Embraer
Imagem: Divulgação/Embraer

Brendan Case e Julie Johnsson

10/06/2016 08h49

(Bloomberg) -- A Embraer informou que Frederico Curado deixará o cargo de presidente após nove anos no comando, uma saída inesperada da fabricante de aviões brasileira, que enfrenta concorrência mais forte no mercado de jatos regionais.

O vice-presidente-executivo de Aviação Comercial da empresa, Paulo César de Souza e Silva, substituirá Curado, 54, e a transferência das funções executivas ocorrerá no mês que vem, disse a empresa em um comunicado na quinta-feira. A transição plena ocorrerá até o fim do ano.

A troca de executivos pega a fabricante brasileira de aviões em um momento crítico, em que trabalha para certificar o primeiro modelo de sua família de jatos E-Jet E2. A aeronave regional atualizada enfrenta uma série de novos concorrentes, como o C Series, da Bombardier, o MRJ da Mitsubishi, e o chinês Comac C919.

"É bastante extraordinário que isso aconteça agora que o E-2 vai voar", disse Richard Aboulafia, analista aeroespacial da Teal Group, sobre a mudança de liderança.

A saída de Curado faz parte de uma "transição planejada", disse Saulo Passos, porta-voz da Embraer.

Queda das ações

A fabricante com sede em São José dos Campos, São Paulo, é a mais recente das empresas aeroespaciais a reformular sua equipe de liderança em meio a desafios no mercado e a uma maior pressão de estreantes.

A Spirit AeroSystems Holdings, a maior fornecedora da Boeing, anunciou na quarta-feira que o CEO Larry Lawson se aposentará no fim de julho. Novos líderes assumiram as rédeas da Boeing, da Bombardier, da Rolls-Royce e da United Technologies nos últimos dois anos.

A Embraer caiu 39% neste ano, contra um ganho de 18% do Ibovespa. A valorização do real poderá gerar alguns "ventos contrários" em termos de custos neste ano, disse Curado em abril. O avanço de 17% do real em relação ao dólar é o maior deste ano entre as 16 principais moedas monitoradas pela Bloomberg.

Durante o primeiro trimestre a Embraer não registrou nenhuma venda de jato, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence. A pausa foi encerrada quando a Horizon Air, subsidiária da Alaska Air Group, encomendou 30 jatos E175, em abril.

A carteira de pedidos firmes da fabricante brasileira estava em US$ 21,9 bilhões no fim do primeiro trimestre, contra US$ 20,4 bilhões um ano antes e US$ 22,5 bilhões no fim de 2015.

Investigação de corrupção

A Embraer pode receber multas "substanciais" nos EUA em um momento em que se movimenta para resolver uma investigação envolvendo a chamada Lei de Práticas Corruptas Estrangeiras, disse a empresa no início deste ano.

Executivos do alto escalão, incluindo Curado, sabiam que o consultor de vendas Elio Moti Sonnenfeld estava pagando propinas ligadas à venda de aeronaves à República Dominicana, reportou o Wall Street Journal em março, citando resumos oficiais das declarações de Sonnenfeld.

A empresa disse que não poderia comentar o assunto porque a reportagem foi "baseada em alegações que aparentemente foram vazadas de uma declaração confidencial de um réu em uma ação judicial que está sob sigilo no Brasil e indisponível para a empresa". A Embraer afirma que está cooperando com as autoridades.

A saída de Curado não teve relação com nenhuma investigação oficial, disse Passos, o porta-voz da empresa.

"Não há conexão entre nenhuma investigação do governo e a transição que estamos iniciando", disse Passos.

Embraer apresenta novo jato E190-E2

UOL Notícias