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China abala setor de alumínio em busca de carros e aviões

Bloomberg News

06/09/2016 12h17

(Bloomberg) -- O surgimento da China como maior fabricante de alumínio abalou o setor e criou um excesso que obrigou os concorrentes a fechar fábricas devido à queda dos lucros. A Alcoa, emblemática produtora dos EUA há mais de um século, fechou todas as fundições, exceto uma, e pretende se dividir em duas partes.

Embora algumas empresas comecem a dar sinais de que estão estancando o vermelho, é provável que aconteçam mais convulsões.

Após dominar o mercado de alumínio bruto, a China quer aumentar sua capacidade de fabricar produtos de valor mais alto a partir dessa commodity. O maior passo até o momento foi o anúncio, na semana passada, de que Liu Zhongtian, empreendedor chinês do setor de alumínio, vai adquirir a Aleris, com sede em Cleveland, por US$ 2,3 bilhões. Esta transação dará ao fundador da maior produtora de alumínio extrudado da China mais acesso à tecnologia americana e europeia, e também a compradores que incluem fabricantes aeroespaciais como Boeing e fabricantes de automóveis como Audi.

"Esse foi um passo diferente para uma empresa chinesa", disse Yi Zhu, analista da Bloomberg Intelligence, em entrevista por telefone, de Hong Kong, em 31 de agosto. "No passado, a China foi atrás de ativos de matérias-primas no exterior, mas agora está buscando o processamento e a distribuição, e isso se encaixa nas metas do governo chinês de melhorar a indústria e a economia".

O passo dado por Liu segue-se a décadas de mudanças drásticas no setor. Quando ele fundou a China Zhongwang Holdings em 1993, o país era responsável por menos de 10 por cento da produção mundial de alumínio primário, o produto básico gerado pelas fundições. O aumento da produção ofuscou as necessidades nacionais e provocou uma onda de exportações baratas que agravou a abundância mundial em meio à estagnação da demanda. Os preços neste ano, em média, são os mais baixos desde 2003 na Bolsa de Metais de Londres.

No momento em que Liu amplia uma empresa que já enfoca o processamento do metal, em vez da produção, ele não é o único a entrar nesse mercado. Mesmo que as fundições chinesas continuem aumentando sua capacidade de produzir a matéria-prima, o país também está ampliando a quantidade e as capacidades de laminadoras que transformam o alumínio em produtos mais caros.

A entrada da China nos mercados de alumínio processado, que são mais lucrativos e têm margens maiores, ainda está nos primórdios e poderia levar anos para chegar ao apogeu. O país tem muito pouca capacidade de fabricar produtos que exigem especificações estritas, comuns no setor aeroespacial e automobilístico. Isso significa que a China pode construir suas próprias fábricas com as tecnologias mais novas do setor ou adquirir ativos existentes de outros. O grupo Zhongwang, que também está construindo um complexo de laminação em Tianjin, região norte da China, está fazendo ambos.

O negócio da Aleris "poderia ser o modelo do que está por vir" à medida que as empresas chinesas aumentarem as capacidades de processamento e distribuição com a aquisição de ativos estrangeiros, disse Charlie Durant, analista-chefe da CRU Group em Londres, por e-mail, em 1º de setembro.