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Bolha de imóveis na China pode gerar US$ 600 bi em inadimplência

Lianting Tu

07/10/2016 12h21

(Bloomberg) -- Analistas da China começaram a calcular o quanto um colapso do mercado imobiliário do país, que está superaquecido, poderia custar aos bancos.

Uma queda de 30% nos preços das casas poderia fazer com que 4% do total de empréstimos, o equivalente a 4,1 trilhões de yuans (US$ 615 bilhões), se tornem ruins, de acordo com a DBS Vickers Hong Kong.

O Commerzbank afirmou que uma queda desse tipo poderia desencadear 4 trilhões de yuans em inadimplência. A Pacific Investment Management Co. projeta que o coeficiente de empréstimos em atraso atingirá máxima de 6% nos próximos anos, contra 1,75% atualmente, por causa dos riscos do setor imobiliário.

Os prejuízos dos bancos nesses cenários seriam muito diferentes das perdas de US$ 1,3 trilhão registradas nos EUA depois da crise financeira de 2008, mas cada vez mais economistas projetam um resgate do sistema bancário que poderia sacudir o mercado de ações e elevar o custo do crédito do governo.

Ma Jun, economista-chefe do banco central, disse em entrevista à China Business Network no mês passado que era necessário limitar a "bolha" imobiliária porque os preços das residências subiram 60% em Shenzhen, cidade da região sul do país, em um ano.

"O tamanho do aumento nos preços de residências na China que vimos nos últimos anos, especialmente neste ano, é preocupante", disse Roland Mieth, gestor de carteira para mercados emergentes em Cingapura da Pimco, que não tem uma estimativa de empréstimos imobiliários em atraso. "Esses aumentos de preço em relação ao ano anterior, de 30% ou mais, tendem a sugerir um fenômeno semelhante a uma bolha."

O Deutsche Bank escreveu em relatório no dia 28 de setembro que os imóveis poderiam sofrer uma correção severa em 2018 porque a bolha está se espalhando para mais cidades, e o Goldman Sachs Group escreveu em 4 de outubro que observava uma crescente volatilidade porque os preços "dispararam".

O aumento de preço dos imóveis residenciais na China lembra ao chefe de estratégia de mercado para Ásia do JPMorgan Asset Management, Tai Hui, a corrida para o mercado de ações no ano passado por causa da acentuada alavancagem e do apoio estatal implícito.

Embora uma queda fortemente marcada não seja o cenário de base da DBS Vickers, os riscos aumentarão caso o ritmo dos empréstimos se mantenha.

"O setor imobiliário é a maior preocupação do sistema bancário da China", disse Shujin Chen, analista do setor bancário desta corretora em Hong Kong. "Se os preços dos imóveis caírem muito, isso afetaria primeiro a qualidade dos empréstimos a incorporadoras imobiliárias, cujo grau de alavancagem é maior. O segundo impacto serão as hipotecas."

Chen estima que cerca de 7% dos empréstimos vão para incorporadoras e 20% a hipotecas residenciais. A mediana do total da dívida em 144 construtoras chinesas de capital aberto deu um salto para 8,1 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, contra 4,9 vezes há cinco anos, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O total da dívida também aumentou para a máxima recorde de 2,8 trilhões de yuans.