Mulheres do Reino Unido têm melhor momento para pedir aumento
(Bloomberg) -- Para as mulheres no Reino Unido, nunca houve um momento melhor para pedir um aumento.
Os diretores das empresas estão correndo para deixar a casa em ordem devido a novas disposições que os obrigarão a publicar as desigualdades salariais entre homens e mulheres -- e isso significa que as mulheres têm um pouco mais de alavancagem para buscar rendas e promoções iguais.
Em fevereiro, o governo britânico anunciou que iria exigir que cerca de 8.000 empresas com 250 funcionários ou mais divulgassem as diferenças em salários e bônus entre trabalhadores homens e mulheres. Agora, os executivos estão se debruçando sobre as planilhas para identificar as desigualdades em suas fileiras e alguns afirmam que estão agindo para eliminar as diferenças que encontram.
"Eu vi por mim mesmo o poder de sermos obrigados a divulgar algo", disse Dido Harding, presidente da TalkTalk Telecom Group. "A minha empresa e muitas outras agora estão analisando os dados e dizendo: 'O que nós estamos fazendo em relação a isso? Precisamos estar preparados.'"
A regulamentação foi elaborada no governo do primeiro-ministro anterior, David Cameron. Theresa May, segunda mulher a ocupar esse cargo no Reino Unido, tornou as iniciativas pela igualdade um dos pilares do seu governo e quando assumiu o controle em julho prometeu lutar contra a "enorme injustiça" que é "ganhar menos do que um homem pelo fato de ser mulher".
No Reino Unido as mulheres ganham em média 19,1% menos que os homens, de acordo com um relatório do governo publicado no ano passado. No setor financeiro, a diferença salarial é de 40%.
Mesmo com a nova regulamentação, que se aplicaria a mulheres não britânicas que trabalham em empresas britânicas, esse abismo não desaparecerá de um dia para o outro em toda a economia, afirmam os executivos.
Carolyn Fairbairn, diretora-geral da Confederação da Indústria Britânica, grupo de lobby do setor, desaconselhou o governo a "denunciar e envergonhar" as empresas, mas o Reino Unido está seguindo os passos de outros países europeus, como a França e a Áustria, que já exigem que as empresas divulguem dados sobre a diferenças salariais.
As empresas do Reino Unido têm até abril de 2018 para divulgar os números, mas normas preliminares estipulam que elas terão que informar bônus pagos a partir de abril de 2016 e proporcionar informações gerais sobre salários a partir de abril de 2017.
Além de informar as discrepâncias na média e na mediana das remunerações, as empresas também terão que publicar o número de homens e mulheres em cada um de quatro níveis salariais, para identificar obstáculos à igualdade.
Espera-se que o governo reúna essas informações em um banco de dados onde seria possível realizar buscas, o que levaria à perspectiva de as empresas serem classificadas com base em suas diferenças salariais.
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