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Startup dos EUA ajuda trabalhador a lucrar com férias não usadas

Anders Melin e Ben Steverman

11/10/2016 12h30

(Bloomberg) -- Muitos americanos têm uma clara dificuldade para usufruir de todos os dias de férias. Rob Whalen era um deles.

Em menos de cinco anos trabalhando na Cisco Systems, ele acumulou 240 horas de férias pagas. É um mês e meio que Whalen poderia ter aproveitado para descansar em casa ou relaxar em uma praia. Mas ele optou pelo escritório, onde simplesmente havia muito o que fazer.

Pouco depois de sair desse emprego, ele conversava com um amigo que também havia acumulado muitos dias de férias não utilizados: "Não seria ótimo", disse o amigo, "se pudéssemos usar uma parte para pagar por um hotel e uma passagem e depois sair de férias em grande estilo por duas semanas?".

Whalen então teve uma ideia. Três anos depois, ele apresenta a PTO Exchange, empresa que fundou com Todd Lucas para que os trabalhadores possam aproveitar o valor em dinheiro dos dias, semanas e meses de férias que não usaram. A startup com sede em Seattle, que recentemente assinou contrato com seu primeiro cliente empregador, possibilita que os trabalhadores troquem o tempo de férias remuneradas sem usar para viajar ou contribuir com planos de aposentadoria ou poupanças para despesas médicas.

"Com tanto tempo que não é utilizado, percebemos que este é um benefício que precisa ser redefinido", disse Whalen.

Trabalhar sem descanso

Quando se trata de tempo livre, os americanos estão em uma situação perversa. Os EUA são o único país avançado sem férias remuneradas obrigatórias. Na maioria dos países europeus, os trabalhadores têm direito por lei a cerca de 20 dias ou mais por ano, de acordo com um relatório do Center for Economic and Policy Research. Os suecos têm direito a cinco semanas de férias, os franceses chegam a receber 30 dias.

Nos EUA, em contraste, quase um terço dos trabalhadores não tem licença médica remunerada e mais de um quarto não tem férias remuneradas, de acordo com o Escritório de Estatísticas de Trabalho dos EUA. Isso levou alguns estados, como a Califórnia, e cidades como Nova York, a exigir que os empregadores concedam licença médica remunerada.

Ao mesmo tempo, quem tem direito a férias não costuma usar esse benefício. Menos de metade dos trabalhadores dos EUA afirma ter usado o total ou a maior parte de suas férias nos últimos 12 meses, e apenas 22 por cento usaram a totalidade de sua licença médica remunerada, de acordo com uma pesquisa com 1.600 funcionários adultos realizada pela Universidade de Harvard, pela Fundação Robert Wood Johnson e pela Rádio Pública Nacional dos EUA. E não são apenas as abelhas operárias -- a relutância em se afastar do escritório frequentemente se estende também ao alto escalão.

"Os colegas fazem pressão no ambiente de trabalho para minimizar o uso" do tempo livre, disse Lonnie Golden, professor de economia da Universidade Estadual da Pensilvânia que estuda as férias. Uma empresa pode oferecer oficialmente um pacote de férias generoso, mas os trabalhadores sabem que chefes e colegas precisam que eles estejam presentes e produtivos. A tendência das empresas de contar com poucos funcionários implica que nem sempre há pessoas suficientes para cobrir o trabalho quando alguém tira férias.

"Os sinais são contraditórios", disse Golden. Se você não for trabalhar durante uma ou duas semanas, "você sente que [o trabalho] só vai se acumular".

Título em inglês: Now Your Boss Can Buy Back Your Vacation Days

Para entrar em contato com os repórteres: Anders Melin em N York, amelin3@bloomberg.net, Ben Steverman em N York, bsteverman@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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