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Compromisso de Ana Botín com Brasil recompensa Santander

Macarena Munoz

26/10/2016 12h01

(Bloomberg) -- Desde que assumiu como presidente do conselho executivo, há dois anos, Ana Botín defende os negócios do Banco Santander no Brasil, mesmo que a decisão tenha pesado sobre as ações. A estratégia dela foi recompensada no terceiro trimestre.

A unidade brasileira gerou um lucro maior com empréstimos, comissões e transações no período de três meses até setembro, mesmo em um país atolado em recessão. O desempenho ajudou o maior banco da Espanha a compensar a pressão sofrida em seu país e no Reino Unido, abatido pelo Brexit, e a superar as estimativas dos analistas de queda do lucro do grupo.

"Os resultados foram melhores do que os esperados devido aos negócios no Brasil e às provisões menores na Espanha", disse Daragh Quinn, analista da Keefe Bruyette & Woods com recomendação equivalente a venda para as ações. "Contudo, entre os fatores negativos para o grupo estão a magem financeira na Espanha e as provisões no Brasil."

Ana Botín aposta que os negócios do Santander nos mercados emergentes ajudarão o banco a suportar a expectativa de crescimento menor no Reino Unido e em outros países onde tem uma grande presença. No mês passado, o Santander reduziu sua meta de rentabilidade para 2018, citando a mínima recorde das taxas de juros, os custos regulatórios mais elevados e a demanda fraca por crédito nos mercados maduros.

'Pior já passou'

O Brasil superou o Reino Unido como maior unidade do Santander no trimestre e a unidade britânica acabou virando um peso para o grupo. O lucro caiu 24% no Reino Unido quando calculado em euros, o que reflete a fragilidade da libra devido à decisão do país, em referendo, de deixar a União Europeia.

No Brasil, o lucro subiu 27% quando calculado em euros em relação ao ano anterior, apesar de as provisões maiores terem tirado parte do brilho do desempenho.

"O pior claramente já passou no Brasil, as perspectivas para o país parecem melhores", disse o diretor financeiro do banco, José Antonio García Cantera, em entrevista à Bloomberg TV. As provisões maiores no trimestre se deveram a um único cliente, disse García Cantera em teleconferência com analistas. Ele não deu detalhes.

Após dois anos de crise, o Brasil deverá voltar a crescer em 2017 e o presidente Michel Temer está tentando reconquistar os investidores. No início do ano, Botín reiterou sua confiança na maior economia da América Latina, dizendo que o panorama de longo prazo do Brasil indicava crescimento.

O Reino Unido, enquanto isso, enfrenta um momento mais difícil, segundo Nathan Bostock, chefe da unidade britânica do Santander. "Embora não tenhamos visto impacto imediato após o referendo da UE, esperamos um ambiente macroeconômico mais desafiador no futuro", disse ele, após a publicação de resultados pelo banco, nesta quarta-feira.