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Robôs multifatoriais do Goldman: investimento na era pós-humana

Dani Burger

27/10/2016 12h14

(Bloomberg) -- No próximo ato, o setor de fundos negociados em bolsa (ETFs), avaliado em US$ 3,5 trilhões, tentará vender a renda estável de um dividendo, as vantagens de uma empresa de valor de mercado pequeno e as noites de sono tranquilas oferecidas por uma ação com baixa volatilidade. Tudo de uma só vez.

E realmente espera que você compre. Praticamente todos os grandes provedores de fundos, do Goldman Sachs à BlackRock e Franklin Templeton, estão vinculando o próximo estágio de crescimento a esta ideia.

Bem-vindo ao mundo do investimento multifatorial. É a vanguarda da gestão financeira e um lugar onde nenhuma resposta é estranha demais para a pergunta "Quantos modelos de investimento diferentes é possível incluir em um fundo negociado em bolsa?". Após o sucesso do smart beta -- aqueles ETFs híbridos que acrescentam a ideia de um robô de seleção de ações a índices passivos --, os gestores apresentam um novo tipo de carteira diversificada administrada efetivamente por um comitê de robôs.

Pode soar como um remédio milagroso de Wall Street, o marketing massivo de estratégias extremamente complexas inventadas por profissionais que tem poucas chances de ser compreendido por investidores comuns. Mas algumas pessoas muito sérias estão convencidas de que este é o futuro do investimento, um modo de reproduzir tudo o que um seletor de ações talentoso oferece e excluir suas emoções e comissões.

"O setor está criando versões mais transparentes e com custo menor do mesmo tipo de gerenciamento quantitativo que vimos nos últimos dois anos", disse Lance Humphrey, diretor executivo de diversos ativos globais da USAA Asset Management, que é a maior compradora do fundo multifatorial nos EUA do Goldman, com 12 por cento das ações em circulação. "Mas existem armadilhas. É um dos meus maiores temores."

Princípio governante

Um grupo considerável de Wall Street acredita que o investimento multifatorial é a forma em que a gestão financeira será levada no século 21. Para pioneiros do gerenciamento quantitativo, como Cliff Asness, da AQR Capital Management, e David Booth, da Dimensional Fund Advisors, a diversificação entre vários fatores sempre foi um princípio governante da gestão financeira. O sucesso de suas empresas talvez seja o argumento mais forte em defesa da viabilidade deste conceito.

O temor no espaço dos ETFs tende a se concentrar no fato de que eles reúnem diversos ativos. Apresentados como uma estratégia de longo prazo que deveria ser mantida durante os altos e baixos dos mercados, há quem se pergunte quantos indivíduos resistirão à tentação de apertar um botão no aplicativo de investimento quando a situação se complicar.

"Não estamos criando veículos de negociação, estamos criando exposições centrais", disse Patrick O'Connor, diretor de ETFs da Franklin Templeton Investments. "É algo relativamente novo. Sem dúvida, tem gente entrando nisso, mas acho que todos estamos trabalhando em esclarecer as coisas, o que é bom."