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Seguradoras europeias estão de olho em startups de tecnologia

Oliver Suess

28/11/2016 16h03

(Bloomberg) -- Quem ouve Andrew Rear falar sobre seguradoras se surpreende ao saber que ele trabalha para uma com 136 anos de existência.

Aos 46 anos, o responsável pela divisão Digital Partners, da Munich Re, afirma que o setor é "um dos últimos bastiões do século 19" e um "desastre" em termos de produtos quase "impossíveis de se entender". O trabalho de Rear é mudar isso.

No mês passado, ele assinou o primeiro acordo mesclando seguro e tecnologia da Digital Partners, ao comprar uma participação na Slice Labs, uma startup com um ano de idade que oferece seguros. A rival Allianz, sediada do outro lado de Munique, investiu quatro meses antes na Simplesurance, outra novata que oferece proteção para produtos comprados pela internet. Os acordos destacam a corrida de tradicionais seguradoras europeias na direção de tecnologias que estão mudando o universo de serviços financeiros em Wall Street.

"A combinação entre seguros e tecnologia chegou para ficar e trará mudanças fundamentais para a indústria de seguros", disse Rear, que comandava as operações de resseguro de vida da Munich Re na África, na região Ásia Pacífico, no Reino Unido e na Irlanda antes de assumir o novo posto em maio. "O ganho para nós é construir novas abordagens de modelo de negócios para a Munich Re ao oferecer capacidade a essas novas firmas."

A tecnologia em finanças vem atraindo investidores há algum tempo, mas boa parte dos recursos ia para tecnologias capazes de mudar serviços bancários e de investimento, como no caso do blockchain (o software por trás da moeda digital bitcoin), da análise de big data e análises feitas por robôs. Com startups de seguros e tecnologia entregando produtos que funcionam bem e a chegada das grandes seguradoras, há novidades nesta área.

"O segmento de seguros não estava no radar dos empreendedores no passado porque é muito complexo e opaco", disse François Robinet, diretor-gerente da Axa Strategic Ventures, a divisão de venture capital da seguradora francesa Axa. "Agora eles descobriram muitos problemas e ineficiências que podem solucionar, o que significa muitas oportunidades de inovação."

Recursos em nível recorde

O total de recursos captados por startups focadas em seguros bateu recorde no ano passado, em US$ 2,7 bilhões. O número de investimentos envolvendo companhias desse tipo deve passar de 75 neste ano, vindo de 61 em 2015 e apenas um em 2012, de acordo com a empresa de pesquisas CB
Insights.

Munich Re e Allianz montaram unidades nos últimos anos para realizar parcerias e investimentos em empresas iniciantes, em meio a esforços para conquistar novos clientes e desenvolver novas maneiras de distribuir seus serviços. A Axa abriu sua unidade de venture capital no ano passado, com compromissos de 230 milhões de euros.

Allianz e Munich Re não informaram o quanto investiram em cada negócio, mas as quantias geralmente são pequenas. A carteira de venture capital da Axa tem 22 empresas, nas quais a seguradora gastou cerca de 25 milhões de euros, segundo Robinet. Entre esses investimentos estão participações na corretora online de seguros Policygenius e em startups que atuam com blockchain, serviços bancários e financiamento coletivo. Todas estão em estágio inicial, no qual os investimentos raramente superam 2 milhões de euros, ele informou.