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Aspirante a aérea de baixo custo tem plano para Argentina

Charlie Devereux

26/12/2016 11h37

(Bloomberg) -- O empreendedor em empresas aéreas que está tentando lançar a primeira aérea de baixo custo da Argentina aposta que o governo desregulamentará o setor o suficiente para tornar esse empreendimento viável. Se isso não acontecer, ele tem um plano B.

Julian Cook, 43, CEO da Flybondi, disse ter ouvido do ministro do Turismo, Gustavo Santos, que os pisos de preços para as empresas aéreas serão eliminados no ano que vem. Mas na Argentina as mudanças regulatórias muitas vezes levam mais tempo do que o planejado, por isso Cook preparou alguns truques para contornar as restrições, como estabelecer um clube apenas para membros ou incluir o quarto de hotel no custo da passagem.

"Não me entenda mal -- eu quero que o piso seja cancelado porque em determinados momentos do ano e para promoções especiais eu vou conseguir oferecer passagens a US$ 10", diz ele. Mas o governo "está nos dizendo que se quisermos fazer algo criativo, eles não tentarão descobrir exatamente de que maneira o estamos fazendo."

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, que assumiu após a eleição do ano passado com a promessa de encerrar o exílio do país dos mercados de capitais internacionais, está lentamente abrindo setores fechados há tempos para tentar tirar o país da recessão.

O cancelamento dos preços mínimos que as empresas aéreas são obrigadas a cobrar provavelmente ampliaria a concorrência em um mercado dominado por apenas dois grandes atores: a estatal Aerolíneas Argentinas e a Latam Airlines.

O Ministério do Turismo disse que o ministro não estava disponível para comentar esta reportagem porque está em viagem. O governo nunca teve planos de eliminar o preço mínimo, disse um representante do Ministério dos Transportes.

Fundador da Baboo

Cook, que anteriormente fundou a Fly Baboo, uma aérea regional suíça que foi adquirida pela Darwin Airline em 2010, acredita ser capaz de oferecer passagens por um terço do cobrado por suas concorrentes maiores e, no processo, abocanhar cerca de 20 por cento do mercado em cinco anos.

Alguns importantes apoiadores apostam que ele está certo. Michael Cawley, ex-vice-CEO da empresa aérea de baixo custo Ryanair Holdings, e Montie Brewer, ex-presidente da Air Canada, estão entre os investidores, embora tenham disponibilizado apenas cerca de US$ 1,5 milhão. A Flybondi está perto de anunciar uma injeção de capital de US$ 75 milhões de uma empresa de private equity com sede nos EUA, disse Cook, que prefere não identificar o grupo antes do anúncio oficial, no mês que vem.

A empresa aérea pretende começar devagar, operando 12 rotas domésticas em setembro a partir do aeroporto militar de El Palomar, a 18 quilômetros a oeste de Buenos Aires. A empresa planeja ampliar as rotas domésticas para 40 dentro de cinco anos e iniciar voos internacionais para o Chile, o Uruguai e o Brasil em 2018.