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Depois de reformas, Índia pode enfrentar 2017 turbulento

Anirban Nag

27/12/2016 15h09

(Bloomberg) -- A Índia começou 2016 como a economia que mais crescia no mundo entre as maiores potências, mas, na reta final, o país enfrenta um desaquecimento significativo e o atraso do que tem sido aclamado como a maior reforma do primeiro-ministro Narendra Modi --a criação de um mercado integrado.

A maior parte da dor foi autoinfligida pela decisão do primeiro-ministro de retirar 86% de papel moeda em circulação, o que levou à estagnação do consumo e causou um impasse político sobre uma reforma pioneira dos impostos sobre vendas. É um final compreensível para um ano agitado, que incluiu a mudança da direção do banco central e uma completa reforma da centenária lei de falências.

"As reformas terão benefícios estruturais de longo prazo, mas trazem riscos de ajustes e de execução de curto prazo", disse Abhishek
Dangra, analista de crédito da S&P Global Ratings. A medida de enxugamento da liquidez e a introdução de um imposto sobre vendas e mercadorias uniforme em todo o país no ano que vem serão benéficos no médio prazo, pois levarão a um aumento da arrecadação", disse.

Nada de dinheiro, só problemas

A restrição à circulação de dinheiro na Índia é o centro das atenções. Dados recentes reforçam o receio de economistas de que o consumo será afetado, especialmente nas áreas rurais, com o predominante setor de serviços tendo de absorver o maior impacto. A produção industrial e os investimentos devem ser pressionados com a subsequente redução de postos de trabalho, alimentando a instabilidade, segundo economistas.

O produto interno bruto deve crescer 6,5% neste trimestre em relação à expansão de 7,3% do período entre julho e setembro, de acordo com a estimativa mediana do levantamento da Bloomberg. Priyanka Kishore, economista-chefe da Oxford Economics em Cingapura, rebaixou suas projeções para 2016.

Porém, o crescimento no longo prazo será robusto, disse Kishore, que espera uma expansão média de 7% ao ano entre 2016 e 2019, levemente acima do ritmo visto entre 2013 e 2015.

Um mercado comum

A desmonetização ofuscou o brilho do movimento para adotar o novo imposto de mercadorias e serviços da Índia a partir de 1o de abril. Aclamada como uma das maiores reformas em várias gerações, o GST irá substituir uma infinidade de tarifas sobre consumo e vendas impostas por vários estados, e a expectativa é que o imposto aumente a competitividade e os investimentos.

Banco Central em foco

A Índia adotou formalmente o regime de metas de inflação em agosto, com o compromisso do banco central de abordar a questão, delicada do ponto de vista político. Pela primeira vez, também colocou as decisões da taxa de juro nas mãos de um comitê de política monetária com membros externos. Com a inflação em desaceleração para o menor nível em dois anos, o comitê teria espaço para reduzir os juros nos primeiros meses de 2017.