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Britânicos poupam mais diante de incertezas econômicas

Lucy Meakin

28/12/2016 16h21

(Bloomberg) -- Os britânicos estão poupando mais em um sinal de que podem estar receosos diante das incertezas econômicas, segundo a Associação de Banqueiros Britânicos (BBA). Os depósitos de pessoas físicas aumentaram 4,8% em novembro na taxa anualizada, segundo dados da BBA. O volume aumentou em 32,4 bilhões de libras esterlinas (US$ 39,7 bilhões) nos primeiros 11 meses de 2016, superando a expansão de 19,8 bilhões de libras esterlinas durante o mesmo período de 2015.

Os investidores britânicos e poupadores foram abalados pelo resultado do referendo realizado em junho, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. A decisão levou o Banco da Inglaterra a cortar os juros para 0,25%, o nível mais baixo da história.

Embora o desempenho da economia tenha se mantido positivo até agora, a maioria dos economistas projeta uma desaceleração em 2017, já que as empresas vão esperar mais sinais sobre a futura relação do Reino Unido com o maior bloco comercial do mundo.

"Vimos os depósitos de pessoas físicas, em particular, crescerem mais fortemente nos últimos meses, pois os consumidores estão guardando dinheiro na falta de oportunidades de investimentos líquidos e de maior retorno", disse Rebecca Harding, economista-chefe da BBA. "Este aumento em depósitos pessoais pode também sugerir que os consumidores estão buscando elevar as reservas de caixa contra potenciais incertezas econômicas, tais como a expectativa de menores reajustes salariais."

Os números da BBA também mostram que a liberação de empréstimos imobiliários caiu em 9% em novembro em relação ao mesmo mês de 2015. De janeiro a novembro, o índice de financiamentos aprovados havia mostrado queda de 4%.

Os preços de imóveis no Reino Unido devem mostrar modesta alta no ano que vem diante do desaquecimento econômico e da aceleração da inflação, que tende a pesar no bolso dos consumidores, de acordo com um relatório da Halifax. A financiadora imobiliária projeta uma demanda mais fraca por imóveis em 2017, parcialmente devido a mudanças tributárias e padrões mais rígidos de subscrição para a compra de propriedades como investimento. A Halifax disse que os preços devem ser sustentados pela falta de propriedades para venda, menor ritmo de construções e baixas taxas de juros. A projeção da financiadora é de uma alta entre 1% e 4% para os preços dos imóveis no Reino Unido até o fim de 2017. Os dados oficiais mais recentes mostraram um aumento de cerca de 7% em outubro.

"O crescimento econômico mais fraco em 2017 deve resultar em pressão sobre o mercado de trabalho, com o risco de aumento do desemprego", disse Martin Ellis, economista para o mercado imobiliário da Halifax. "Esta deterioração do mercado de trabalho, juntamente com uma pressão esperada sobre o poder de compra das famílias, deve frear a demanda por imóveis."

O Royal Institution of Chartered Surveyors também prevê desaceleração dos preços em 2017, somando-se aos vários relatórios que destacam a perda de fôlego do mercado imobiliário britânico. O instituto aponta que a escassez de unidades no mercado significa que o número médio de propriedades nos registros das imobiliárias está perto de um recorde de baixa.