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A estratégia de renda fixa que Goldman, BlackRock e TCW apoiam

Brian Chappatta e John Gittelsohn

04/01/2017 11h37

(Bloomberg) -- Para os maiores gestores de renda fixa do mundo, talvez 2017 seja o ano em que os fundos sem restrições finalmente entregarão o que prometem.

Embora os fundos de títulos - há muito tempo exaltados pelo potencial de brilhar em qualquer ambiente de juros - não tenham apresentado desempenho consistente ao longo dos anos, os gestores estão convencidos de que chegou a hora. A eleição de Donald Trump reacendeu as perspectivas de inflação e crescimento econômico nos EUA e no exterior, o que deve levar ao aumento dos juros e ao fim do período de três décadas de valorização no mercado de renda fixa.

Por sua vez, isso beneficiará fundos que podem migrar para onde estão as maiores taxas de retorno - sem restrições de prazo, região geográfica ou mesmo qualidade de crédito.

"Este pode ser o renascimento do fundo sem restrições", disse Jonathan Beinner, diretor de investimentos em renda fixa global da Goldman Sachs Asset Management, que supervisiona mais de US$ 1 trilhão. "Os investidores individuais estão muito expostos, talvez mais do que pensem, à alta dos juros."

Os fundos sem restrições foram lançados há cerca de uma década e ganharam popularidade em 2013, em meio a temores de aumento dos juros. Nos últimos dois anos, esses fundos foram preteridos pelos investidores, que favoreceram alternativas simples e de baixo custo, como os fundos negociados em bolsa (ETFs). Segundo dados da Morningstar, os resgates se avolumaram nos primeiros 11 meses de 2016, chegando a quase US$ 21 bilhões -- praticamente 20 por cento do total de ativos da categoria --, de longe a maior quantia em saques já registrada.

Ainda assim, os fundos sem restrições (também conhecidos como fundos de títulos não tradicionais) tiveram um de seus melhores anos, com retorno médio de 5,15 por cento em 2016, diante da onda de vendas nos mercados de renda fixa que eliminou mais de US$ 3 trilhões globalmente no último trimestre. No ano, o Bloomberg Barclays Global Aggregate Bond Index avançou 2,1 por cento.

Alguns gestores afirmam que esses fundos são prejudicados pela reputação de liberdade excessiva. Geralmente, os fundos tentam evitar exposição exagerada a dívidas de longo prazo e geram retorno ao entrar de forma oportunista em uma variedade de instrumentos, como títulos de alto rendimento, câmbio, commodities e derivativos. Justa ou injustamente, isso cria a percepção de que assumem riscos indevidos para obter retorno.

Rick Rieder, diretor de investimentos em renda fixa da BlackRock, não se importa. Segundo ele, os investidores vão abrir os braços aos fundos sem restrições à medida que os juros e a volatilidade aumentam.

Para Stephen Kane, diretor-gerente de renda fixa nos EUA da TCW Group, de Los Angeles, investir em títulos corporativos mais arriscados não vale a pena. Ele também está evitando papéis de mercados emergentes por entender que uma crise de dívida pode estar se formando na China. O gestor aposta em instrumentos garantidos por hipotecas, mas não vinculados a agências governamentais.