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Escassez de chuvas no Quênia coloca em risco produção de café

Felix Njini

04/01/2017 17h56

(Bloomberg) -- O início tardio da segunda estação chuvosa no Quênia atrasou a floração dos cafezais e a seca subsequente irá afetar o tamanho e a qualidade da safra de grãos arábica do país, alertou uma agência do governo.

O Quênia, que é o maior exportador de chá preto, já havia informado que poderia não atingir a meta de elevar a produção de chá em 25 por cento, para 500 milhões de quilos, se a escassez de chuvas verificada desde o começo de 2016 persistisse.

"Com as condições atuais, esperamos uma queda na produção de café", disse Harrison Mugo, diretor do Coffee Research Institute, em uma entrevista por telefone da capital Nairóbi. Embora o Quênia cultive muito pouco café em comparação com os produtores regionais, tais como Etiópia e Uganda, seus grãos são valorizados globalmente e frequentemente usados em blends. As exportações do país aumentaram em 15 por cento na safra encerrada em setembro de 2016, para 44.000 toneladas.

A agricultura do Quênia, que necessita de chuvas, responde por cerca de 25 por cento da economia do país, que movimenta US$ 69,2 bilhões. Com a queda da produção de chá e de café, o setor contribuiu com 3,9 por cento do produto interno bruto no terceiro trimestre de 2016, comparados com 5,5 por cento há um ano, segundo o Departamento Nacional de Estatística do Quênia.

As chuvas têm sido escassas desde novembro até o momento, disse James Oduor, presidente da Autoridade Nacional de Gestão da Seca.

'Situação ruim'

O governo pode ter de gastar mais do que os 21,5 bilhões de xelins (US$ 208,7 milhões) programados para ajudar 1,3 milhão de pessoas até o fim de julho, se a pesquisa realizada neste mês mostrar que mais pessoas estão necessitadas, disse Oduor.

"A seca vai ser severa", afirmou por telefone, de Nairóbi. "Estamos preparados para uma situação ruim até o fim de julho."

Chuvas fracas na próxima estação podem ser catastróficas para a economia se acelerarem a inflação acima do teto estipulado pelo governo, de 7,5 por cento, com os preços já sob pressão em consequência da desvalorização da moeda e do aumento da cotação do petróleo, avalia Faith Atiti, economista sênior do Commercial Bank of Africa.

Os preços ao consumidor no Quênia se mantiveram dentro da banda estipulada pelo governo, entre 2,5 por cento e 7,5 por cento, desde fevereiro de 2016. O índice de inflação se desacelerou para 6,4 por cento em dezembro em relação a 6,7 por cento no mês anterior, segundo a agência de estatística.

"Embora a inflação tenha se desacelerado em dezembro, isso é temporário", disse Atiti. "Seca e xelim fraco soam mal sob a perspectiva da inflação. Efeitos em cascata irão atingir o núcleo da inflação."