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Um vencedor e um perdedor em loteria bilionária entre irmãos

Devon Pendleton e Yaacov Benmeleh

04/01/2017 13h57

(Bloomberg) -- Quando o homem mais rico de Israel morreu, em 2011, a tarefa de dividir sua enorme fortuna se resumiu a uma simples loteria com apenas dois bilhetes --duas boladas com prêmios de bilhões de dólares.

Depois que gestores terceirizados dividiram em dois grupos de valor igual as centenas de navios-tanque, porta-contêineres e outras embarcações cargueiras que pertenciam ao magnata do transporte marítimo Sammy Ofer, os filhos Idan e Eyal os sortearam entre si sob o olhar da mãe deles.

"Nós literalmente estendemos a mão e pegamos um envelope", disse o irmão mais novo, Idan, 61. "E pronto. Foi pacífico, sem drama."

Eles fizeram algo similar com quadros de Picasso e de Van Gogh e com o restante da coleção de obras de arte do pai. Outros ativos familiares -- imóveis, ações bancárias, uma participação na maior companhia de produtos químicos de Israel -- foram divididos equitativamente de acordo com o envolvimento dos irmãos nos distintos empreendimentos. Eyal, 66, ficou com as ações de Sammy na maior companhia controladora de capital aberto de Israel e com diversos investimentos em tecnologia.

Na hora de dividir esse patrimônio colossal, a família Ofer fez tudo do modo mais ameno possível. Bastaria que os irmãos olhassem para seus primos Liora e Doron Ofer, filhos de Yuli, irmão de Sammy, para ver como uma disputa por herança pode separar uma família.

Esses irmãos já não se falam depois de uma briga jurídica sobre a participação de Yuli em uma companhia de investimento. Liora atualmente controla ativos avaliados em US$ 2,3 bilhões, e a fatia de Doron é de US$ 675 milhões, de acordo com cálculos de índice da Bloomberg.

Liora Ofer preferiu não fazer comentários para esta reportagem e Doron Ofer não respondeu aos pedidos de comentário. Eyal não quis conceder uma entrevista.

Má sorte e diferentes apetites para o risco, no entanto, transformaram a divisão equitativa de Idan e Eyal em patrimônios tão desiguais quanto os de seus primos. O extrato bancário de Idan foi abalado pela queda das commodities, por apostas de investimento em momentos equivocados e pela análise mais minuciosa em Israel. Eyal, em contraste, aumentou sua fortuna com edifícios de escritórios e hotéis nos EUA e na Europa.

Quando a divisão foi concluída em 2013, ambos os irmãos tinham um patrimônio avaliado em mais de US$ 6 bilhões. De lá para cá, a fortuna de Idan caiu para US$ 3 bilhões e a de Eyal cresceu para US$ 8,6 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Acompanhar o valor de sua própria carteira "não me deixa feliz", diz Idan, merendando bolos de arroz com cobertura de chocolate em seu iluminado escritório no bairro Mayfair, em Londres, com uma grande fotografia em preto e branco de seu pai, usando óculos, pendurada acima de seu ombro. "Mas estou acostumado. Não sou um especulador. Por minha experiência em transporte marítimo, fico à vontade com coisas cíclicas."