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Empreendedores europeus de biotecnologia buscam fundos nos EUA

Marie Mawad

09/01/2017 16h59

(Bloomberg) -- Para ser um empreendedor da biotecnologia com 28 anos, o francês Xavier Duportet tem um currículo destacado: um PhD em Biologia e Engenharia de Genoma do MIT, um laboratório do Instituto Louis Pasteur de Paris e uma pesquisa com seu nome que ganhou um prêmio.

Mesmo assim, em Paris, e nas outras capitais da Europa, ele tem muito mais dificuldade para arrecadar fundos do que a maioria dos seus colegas de tecnologia. Para achar o apoio que não conseguem em seus países, empresas como a Eligo Bioscience, de Duportet, e rivais maiores que já recorreram ao mercado acionário, como a OSE Immunotherapeutics e a Celyad, se dirigiram à J.P. Morgan Healthcare Conference, que começa nesta segunda-feira, para se reunir com financistas americanos.

"A França é um grande lugar de inovação, com mentes brilhantes que custam metade do que custariam nos EUA", disse Duportet, que necessita de 25 milhões de euros (US$ 26,2 milhões) para financiar os testes clínicos de um tratamento contra bactérias resistentes a drogas em humanos. O fundo francês Seventure Partners, que participou da arrecadação de 2,4 milhões de euros para a Eligo em 2015, participará novamente da próxima rodada. Mas "para conseguir o dinheiro precisamos de mais investidores que conheçam o setor farmacêutico e possam contribuir com montantes maiores - estamos conversando com investidores nos EUA."

Investimentos

A França tem um histórico de grandes inovações e gerou um grande conjunto de talentos em parte graças a isenções impositivas e subsídios para pesquisas. No entanto, nos últimos cinco anos, as iniciativas do país para reverter a escassez de investimentos de capital de risco só foram bem-sucedidas em alguns segmentos de startups, deixando para trás outros, como a biotecnologia.

Os investimentos em tecnologia digital atingiram US$ 1,4 bilhão na França nos primeiros nove meses de 2016, superados na Europa apenas pelos US$ 1,8 bilhão do Reino Unido, segundo um relatório da CB Insights. O país estava posicionado para superar o Reino Unido no último trimestre do ano passado, disse a investidora Bpifrance em uma entrevista em meados de dezembro.

Enquanto isso, investidores de capital de risco investiram apenas 250 milhões de euros em startups de ciências da saúde na França nos primeiros nove meses de 2016. Desse valor, 147 milhões de euros foram destinados à biotecnologia. Apesar de o montante investido ter quase dobrado nos últimos cinco anos, ele continua abaixo dos 485 milhões de euros de financiamento que o setor estima necessários para os próximos dois anos, segundo um relatório do grupo industrial France Biotech. Houve algumas rodadas individuais de mais de 15 milhões de euros, segundo o relatório.

Os EUA receberam cerca de 86 por cento do dinheiro para biotecnologia no mundo em 2015, segundo um relatório da EY. O financiamento atingiu US$ 61 bilhões, incluindo investidores privados, aberturas de capital e dívida; seis vezes o nível da Europa.