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Favoritos ao Fed defendem política monetária mais apertada

Rich Miller

09/01/2017 09h39

(Bloomberg) -- Potenciais candidatos à presidência do banco central americano (Federal Reserve) em 2018 sugeriram que a política monetária dos EUA estaria mais apertada se eles estivessem no comando.

Em palestras durante a reunião anual da Associação Econômica Americana, encerrada no domingo, Glenn Hubbard, da Universidade Columbia, e John Taylor e Kevin Warsh, da Universidade Stanford, criticaram o banco central por exageros na tentativa de ajudar uma economia que enfrenta problemas que a política monetária não pode resolver.

Observadores do Fed apontam esses três nomes --que atuaram no governo de George W. Bush-- como candidatos a assumir o Fed caso o presidente eleito Donald Trump decida não renovar o mandato de Janet Yellen por mais quatro anos quando o mandato atual dela terminar, em fevereiro de 2018. Trump criticou Yellen durante a campanha, chegando a acusá-la de manter os juros baixos para beneficiar seus rivais do Partido Democrata.

"O Federal Reserve está um pouco atrás da curva" quando se trata de subir os juros, disse Taylor, subsecretário de assuntos internacionais do Tesouro de Bush, durante um painel no sábado na conferência realizada em Chicago.

Hubbard, que liderou o Conselho de Assessores Econômicos de Bush, disse que concordava com o aparente entendimento de Trump de que os EUA dependeram demais do Fed para ajudar a economia nos últimos anos.

Prazo de validade

"O Federal Reserve foi muito bem sucedido no período inicial após a crise, mas continuou uma política talvez depois do prazo de validade", ele afirmou durante o painel em que Taylor também estava presente.

Em dezembro, o Fed subiu a taxa básica de juros pela segunda vez desde 2006, como parte do processo de normalização monetária. Os juros ficaram próximos de zero por sete anos. A meta do banco central para a taxa básica agora varia de 0,5% a 0,75%.

As autoridades esperam elevar o ponto médio desse intervalo para 1,4% no fim de 2017 e 2,1% no fim de 2018, de acordo com a mediana das projeções divulgadas pela instituição em 14 de dezembro.

Para Hubbard, o Fed pode acelerar os acréscimos nos juros se houver a expectativa de que Trump conseguirá implementar seus grandes cortes de impostos e gastos com infraestrutura.

"É de se esperar que a normalização na qual o Fed já está engajado continue talvez em ritmo mais rápido", disse Hubbard.

Contudo, ele afirmou que o banco central não deveria dar uma resposta apressada e sim adotar uma postura de "esperar para ver" para melhor julgar o impacto das medidas que serão acertadas entre o presidente eleito e o Congresso, comandado por seu Partido Republicano.

O reitor da faculdade de pós-graduação em Administração da Universidade Columbia entende que os planos de orçamento e desregulamentação de Trump podem elevar a taxa anual de crescimento da economia para 2,75% nos próximos anos, vindo de aproximadamente 2,1% durante a expansão iniciada em 2009.

Participando de outro painel da mesma conferência, Warsh, que já foi diretor do Fed e assessor econômico de Bush, disse que a composição das eventuais medidas fiscais seria mais importante do que seu tamanho para a avaliação de seus impactos.

No entanto, ele se mostrou cético quanto à efetividade dos modelos do Fed para tal análise. Warsh argumentou que o Fed perdeu oportunidades de elevar os juros ao longo da expansão econômica ao adotar uma política sem direção clara e muito focada no curto prazo.