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Pioneiro da IA quer ensinar máquina a resolver qualquer problema

Alex Webb

16/01/2017 13h52

(Bloomberg) -- Jürgen Schmidhuber ensinou um computador a estacionar um carro. Ele também está mostrando a essa mesma máquina como negociar ações e detectar falhas na produção de aço. Por mais distintas que essas tarefas possam parecer, Schmidhuber acredita que um regime de treinamento aparentemente aleatório é fundamental para criar uma inteligência artificial (IA) capaz de resolver qualquer problema.

As teorias de IA de Schmidhuber tendem a ser influentes. Em 1997, ele ajudou a escrever um artigo pioneiro que estabeleceu as bases para os sistemas modernos de IA. O artigo apresentou uma forma de memória moldada a partir do cérebro humano que ajuda computadores a tomar decisões com base no contexto e em experiências prévias. Esse conceito é a base da maioria das redes de IA modernas. Hoje, Schmidhuber é diretor de um instituto suíço de IA que é um terreno fértil para muitos dos melhores especialistas do mundo. O New York Times recentemente se referiu a ele como possível pai da IA.

Nos últimos anos, Schmidhuber vem trabalhando em relativa obscuridade em um pequeno empreendimento chamado Nnaisense. Como suas ambições aumentaram, a companhia, cujo nome se pronuncia "nascence", arrecadou sua primeira rodada de capital de risco neste mês. O financiamento mostra que os investidores estão dispostos a apostar em Schmidhuber e em sua grande ideia ? a noção de que, assim como uma criança, quanto mais habilidades a IA da Nnaisense adquirir, mais facilidade terá para aprender novas habilidades.

Schmidhuber, um acadêmico consumado, disse que decidiu captar recursos em parte para se proteger de empresas como Alphabet, Apple, Amazon e Baidu. "As grandes companhias vieram e tentaram contratar meus melhores funcionários", disse ele. "Um dos motivos que me levaram a virar um empreendedor, além de um acadêmico, foi tentar me defender disso."

Criar uma IA que sirva para tudo é um desafio árduo para qualquer empresa, quanto mais para uma com 15 funcionários. A Nnaisense pode não ter as grandes quantidades de dados com os quais as máquinas do Google aprendem, mas pode pular mais agilmente de um projeto para outro, expondo seu cérebro digital a muitas experiências diferentes no processo. "Sempre deixamos que aprenda algo novo além das profissões anteriores", disse Schmidhuber. "À medida que você vai aprendendo coisas novas, você deseja aumentar a complexidade da tarefa."

Schmidhuber acredita que ao fornecer os serviços de sua companhia a diversos setores, as habilidades aprendidas em cada trabalho vão se transformar gradativamente em um sistema capaz de lidar com qualquer desafio que surgir. Na comunidade de IA, há quem duvide do otimismo de Schmidhuber. Empresas como International Business Machines (IBM) e a startup alemã Arago tentaram durante anos aplicar IA a diversos projetos não relacionados sem alcançar a consciência (mas Watson ficou bastante hábil para jogar xadrez e Jeopardy!).

O novo financiador da Nnaisense é a Alma Mundi Ventures, com sede em Madri. Rajeev Singh-Molares, sócio da empresa, disse que está otimista com as chances da startup ao enfrentar companhias muito maiores. Sua firma investiu entre US$ 2 milhões e US$ 5 milhões, mas ele não quis especificar o valor exato. "Os meninos e meninas grandes têm um monte de dados, mas não têm esses dados transversais de vários setores ? seguros, bancos, automotivos, processos industriais e alguns outros", disse ele.