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Tecnologia do bitcoin é usada para conter ciberataques

Olga Kharif

19/01/2017 15h33

(Bloomberg) -- A agência de defesa dos EUA que ajudou a inventar a internet agora está apostando no blockchain, a tecnologia de base de dados que sustenta a moeda digital bitcoin, para ajudá-la a proteger as redes que sua pesquisa tornou possível.

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa, na sigla em inglês), braço de pesquisa e desenvolvimento do Exército dos EUA, tem financiado diversas startups e empresas de tecnologia, como a Guardtime Federal, enquanto outros atores, incluindo a MGT Capital Investments, do pioneiro dos antivírus John McAfee, estão explorando ou empregando o blockchain para identificar e deter ataques cibernéticos. Diversos novos produtos deverão chegar ao mercado nos próximos meses.

Todas essas companhias estão buscando construir sobre a base da força do blockchain, que reside em sua capacidade de verificar rapidamente a autenticidade das entradas de dados e a identidade das pessoas que o acessam. Com isso, a tecnologia se encaixa naturalmente ao mercado de software, hardware e serviços de segurança cibernética, segundo a empresa de pesquisas Cybersecurity Ventures.

"Os bancos serão os primeiros a adotar e investirão mais fortemente no segmento", disse Steve Morgan, fundador e editor-chefe da Cybersecurity Ventures. "Estimamos que bilhões de dólares fluirão para o mercado de blockchain nos próximos cinco anos. Outros setores seguirão o exemplo à medida que os bancos legitimarem a tecnologia."

A tecnologia é capaz de proteger a rede de uma organização colocando as identidades de todos os usuários autorizados no livro-razão do blockchain, que as verifica continuamente. Em tese, um usuário não autorizado é detectado instantaneamente. Um blockchain também consegue assegurar continuamente que todos os bits de códigos usados para administrar uma rede estejam autorizados e sejam genuínos e que os arquivos não tenham sido modificados.

"Há categorias inteiras de ataques que já não seriam válidas", disse Tim Booher, gerente de projetos da DARPA em Arlington, Virgínia. "Seria como um armazém em que os guardas verificam todos os arquivos a cada segundo."

Booher disse que o blockchain possivelmente frustraria ataques como os de injeção de códigos, que forçam um computador a rodar o código de um hacker.

O Departamento de Segurança Interna dos EUA tem concedido subsídios a startups como a Evernym para ver se o blockchain pode ser usado na verificação de identidades -- dados como a data de nascimento e a cidadania de pessoas submetidas a verificações em aeroportos ou as credenciais de socorristas.

O recurso pode estar pronto para ser empregado até o fim de 2017, disse Drummond Reed, diretor de confiança da Evernym. Em setembro, a startup doou parte de sua propriedade intelectual à Sovrin Foundation, que está desenvolvendo uma maneira para que qualquer pessoa possa verificar sua identidade digital usando o blockchain.

"Este é o maior avanço da infraestrutura de segurança cibernética em 20 anos", disse Reed.