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Opep minimiza ameaça de Trump de reduzir importação de petróleo

Angelina Rascouet e Grant Smith

23/01/2017 16h23

(Bloomberg) -- Os dois maiores fornecedores dos EUA na Opep desdenharam da promessa do presidente americano, Donald Trump, de acabar com a dependência do país em relação ao petróleo do grupo, dizendo que a maior economia do mundo continuaria precisando de petróleo do exterior.

Os EUA estão "bastante integrados ao mercado global de energia", disse o ministro de Energia e Indústria da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, enquanto seu par venezuelano, Nelson Martínez, disse esperar que as exportações de petróleo de seu país para o maior consumidor do mundo continuarão estáveis.

"As posições que os EUA e a Arábia Saudita ocupam no mercado global de energia são muito importantes para a estabilidade econômica global", disse Al-Falih, no domingo, em reunião dos países produtores em Viena. Ele acrescentou que a Arábia Saudita está ansiosa para trabalhar com o governo Trump.

Logo após tomar posse, na sexta-feira, Trump disse que está "comprometido em atingir a independência energética do cartel da Opep e de qualquer país hostil aos nossos interesses" explorando as "vastas reservas energéticas domésticas inexploradas", segundo plano postado no website da Casa Branca. Os EUA importaram cerca de 3 milhões de barris por dia da organização no ano passado, sendo que Arábia Saudita e Venezuela responderam por 1,81 milhão, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Esta não é a primeira vez que um presidente dos EUA promete acabar com a dependência do país da oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O ex-presidente George W. Bush prometeu reduzir as importações do Oriente Médio e disse em 2006 que o país estava "viciado em petróleo". As exportações da Opep subiram 10 por cento durante a passagem de Bush pela presidência. Todos os presidentes dos EUA, de Richard Nixon para cá, prometeram reduzir a dependência do país em relação ao petróleo estrangeiro.

'Bem de todos'

Martínez, da Venezuela, minimizou qualquer preocupação de que as exportações de seu país para os EUA possam diminuir no governo Trump. "Os volumes de exportação serão mantidos", disse ele. "Há bastante interdependência no mundo da energia. É bom mantê-la para o bem de todos."

A Arábia Saudita exportou em média 1,08 milhão de barris de petróleo por dia para os EUA em 2016, enquanto a Venezuela embarcou cerca de 733.000 barris por dia e o Iraque, cerca de 400.000 barris por dia, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Opep está esperando a posse do novo secretário de Energia dos EUA para saber mais sobre as políticas energéticas de Trump, disse Mohammad Barkindo, secretário-geral do grupo, no domingo, na capital austríaca.

Os EUA estão tirando proveito do aumento dos preços após o acordo de dezembro da Opep com outros produtores para a redução da produção de petróleo, segundo a Argélia, outro membro do grupo. "A Opep atualmente está ajudando os EUA", disse Noureddine Boutarfa, no sábado, em entrevista, em Viena. "A recuperação do preço está ajudando as companhias dos EUA, a indústria dos EUA e a economia dos EUA."